
14 de setembro de 2011 | 20h16
Beltrame afirmou que a investigação sobre o caso de corrupção foi iniciada pela própria secretaria, e que a pasta tem mecanismos de controle para evitar que esse tipo de desvio se repita.
"Vamos punir, botar essas pessoas na rua e prosseguir com o projeto", disse o secretário, antes de participar do seminário "UPP: um novo modelo de segurança pública?", promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pelo jornal "Folha de S. Paulo". "O que posso dizer é que esse trabalho de investigação foi feito por nós e protagonizado por nós. Essas pessoas vão ser punidas por nós e possivelmente vão para a rua."
O caso de pagamento de propina a policiais da UPP da Coroa, Fallet e Fogueteiro foi revelado no domingo, 11. O comandante e o subcomandante da unidade foram afastados no mesmo dia pela Secretaria de Segurança.
Propinas
De acordo com as investigações, os policiais recebiam propinas mensais que variavam de R$ 400 a R$ 2 mil para permitir que traficantes continuassem a atuar nas comunidades.
Durante o seminário, a socióloga Julita Lemgruber apresentou dados da pesquisa "UPP: o que pensam os policiais", do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, e destacou que 70% dos agentes ouvidos prefeririam não trabalhar nas unidades pacificadoras, mas em batalhões tradicionais. Foram 359 entrevistados em novembro e dezembro do ano passado.
A maior parte dos policiais ouvidos, 63,7%, disse que não pretende continuar na corporação. Já estão procurando trabalho melhor, 22,3%; ou declararam que desistirão da carreira se tiverem outra oportunidade, 41,4%. Para 50,1% dos entrevistados, a pior parte das UPPs é a falta de condições de trabalho.
A FGV também apresentou os resultados de uma pesquisa "Mais Justiça e Sociedade", realizada nas comunidades do Cantagalo, que tem UPP, e Vidigal, que não tem. Para 71% dos moradores do Cantagalo, a segurança melhorou com a pacificação e a nota média dada ao tratamento dispensado pela polícia é de 6,2. No Vidigal, 41% dos moradores acreditam que a segurança melhorará com a chegada da UPP. Na comunidade, a nota do tratamento da polícia fica em 4,7.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.