Berzoini vê ampla aliança de apoio a Dilma, apesar de pesquisas e 'Volta, Lula'

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Por JEFERSON RIBEIRO
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Nem a queda da avaliação positiva do governo e da presidente Dilma Rousseff nas pesquisas, nem o movimento "Volta, Lula" impedirão a petista de formar uma grande aliança partidária para seu projeto de reeleição, disse nesta quarta-feira o ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini. Nas últimas semanas, pesquisas eleitorais têm mostrado a queda na avaliação da gestão de Dilma e das suas intenções de voto, alimentando a discussão dentro de alguns partidos aliados sobre a manutenção da aliança eleitoral com o PT, o que levou o Partido da República (PR) a lançar um manifesto pela volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a disputa deste ano. Berzoini atribuiu, em entrevista à Reuters na terça-feira, o crescimento desse movimento às incertezas econômicas sobre a retomada do crescimento econômico e o controle da inflação. "Temos efetivamente um diálogo com todos os partidos que, no nosso entendimento, caminha para ampla coalizão", afirmou Berzoini durante café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto. Na avaliação do governo, nesse momento de pré-convenções partidárias é natural que haja mais tensão para formação da aliança nacional, porque as legendas estão ajustando seus projetos regionais para ganhar o maior número possível de cadeiras no Congresso e eleger governadores nos Estados. Mais cedo, em entrevista à rádios na Bahia, Dilma também analisou a situação eleitoral e disse que irá disputar a reeleição com ou sem apoio dos aliados. "Gostaria muito que quando eu for candidata, eu tivesse o apoio da minha própria base. Agora, não havendo esse apoio, a gente vai tocar em frente", disse Dilma. Uma aliança ampla é considerada fundamental pelo PT para a disputa deste ano, porque os adversários vão elevar o grau das críticas ao governo e quanto mais partidos apoiarem a reeleição, maior o tempo na propaganda de rádio e TV, o que permite fazer as defesas necessárias aos ataques e ainda apresentar as obras da gestão petista. Berzoini considera ainda o debate sobre o "Volta, Lula" uma discussão "sem senso prático" e que é defendido por uma ala minoritária do "mundo político". Para o ministro, quando o debate eleitoral se estabelecer efetivamente, em julho, os aliados terão maior facilidade para defender o projeto de reeleição, porque, segundo ele, há muitos avanços sociais que foram sentidos pela população. DISCURSO Mas o discurso de campanha já está sendo afinado desde já. Na terça, Dilma disse que a população não quer voltar atrás, perder conquistas sociais e optar por soluções de governos conservadores, numa aparente crítica ao pré-candidato do PSDB, o senador Aécio Neves (MG). E o ministro reforçou essa ideia nesta quarta. E disse que quando o tucano fala que não tem medo de tomar medidas impopulares, se recorda do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Segundo relatos divulgados pela mídia no início do mês, Aécio teria dito em encontro com empresários que está preparado para adotar medidas "impopulares" caso seja eleito, se considerar que elas são necessárias para o país. "Quando eu lembro do governo Fernando Henrique e que ele (Aécio) foi líder do PSDB e presidente da Câmara quando ocorreram grandes malefícios para os trabalhadores, eu tenho certeza de que quando ele fala de medidas impopulares, ele sabe do que está falando", alfinetou o ministro. Questionado sobre qual seria o discurso do governo para contrapor o pré-candidato do PSB, Eduardo Campos, o ministro evitou comentários e disse apenas que o socialista precisa apresentar suas propostas para, então, ser traçada uma estratégia do governo.

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