Bezerros: bem-estar garantido

Separação das vacas em 'piquetes-maternidade', com comida e espaço, ajuda na criação do laço entre mãe e filho

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Por Fernanda Yoneya
Atualização:

O manejo racional de bezerros faz parte da rotina de fazendas altamente produtivas, pois faz valer a pena todo o investimento feito nas vacas que emprenharam na estação de monta. Adotar boas práticas de manejo na criação de bezerros também ajuda a reduzir custos com animais doentes e machucados, que passam a exigir medicamentos e cuidados especiais na fazenda. Os cuidados, porém, começam antes do parto, diz a pesquisadora-científica Luciandra Macedo de Toledo, do Instituto de Zootecnia (IZ-Apta), uma das autoras do manual Boas Práticas de Manejo - Bezerros ao Nascimento. "O uso de pastos exclusivos para vacas prestes a parir (oitavo mês de gestação) facilita a adoção de uma rotina de acompanhamento dos partos e do manejo de vacas e bezerros ao nascimento", afirma. Segundo ela, esse pasto deve ter espaço suficiente para que as vacas expressem seu comportamento natural, que é o de se afastar do rebanho para formar os laços com seu bezerro. "Nossos estudos mostraram que em piquetes pequenos ou com grande aglomeração de fêmeas na iminência do parto houve mais problemas com outras fêmeas lambendo e tocando o bezerro de outra vaca recém-parida, sobretudo quando é vaca de primeira cria." Daí a importância de reservar um "piquete-maternidade" exclusivo para vacas de primeira cria, com acompanhamento mais próximo. "Casos de abandono de bezerros são mais comuns nesta categoria", diz Luciandra, acrescentando que o manejo deve ser feito de forma tranqüila, sem bater nos animais e sempre respeitando sua biologia e comportamento. Além de comida, sombra e água, o piquete-maternidade deve ter espaço adequado para garantir que fêmea e bezerro criem o vínculo "mãe-filho". Esse vínculo, diz Luciandra, é criado logo após o parto, em um curto espaço de tempo. "Logo após o nascimento tem de haver esse reconhecimento." Isso justifica a recomendação de só manejar o bezerro - pesar, identificar, vermifugar e desinfetar o umbigo - depois de, no mínimo, seis horas de vida. " O ideal é fazer isso só no dia seguinte." Os piquetes-maternidade devem ser também constantemente vistoriados, "pelo menos duas vezes por dia", diz a pesquisadora. A vistoria serve para checar se há buracos onde os bezerros possam cair e se machucar, para verificar se o bezerro está conseguindo mamar e se há casos de abandono e se há vacas com algum problema do parto. "Deve-se ter uma pessoa exclusiva para fazer esse trabalho."

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