Bispo de São Paulo diz que incentivará ocupações de sem-terra

'Único jeito de chamar a atenção do governo para a reforma agrária é invadir', afirma religioso sobre o Pontal

PUBLICIDADE

Foto do author José Maria Tomazela
Por José Maria Tomazela
Atualização:

O bispo de Presidente Prudente, d. José Maria Libório Saracho, representante da Comissão Pastoral da Terra (CPT), da Igreja Católica de São Paulo, disse hoje que vai incentivar os sem-terra a continuarem ocupando fazendas no Pontal do Paranapanema, a região com o maior número de conflitos agrários do Estado. "O único jeito de chamar a atenção do governo para a reforma agrária é invadir e criar uma situação de insegurança", afirmou d. José Maria. Até ontem, 18 fazendas foram ocupadas na região, no chamado "Carnaval Vermelho" do líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), José Rainha Júnior. "Animo o pessoal para que continue invadindo. As multinacionais não vão querer vir para cá se a situação for de insegurança. A cana-de-açúcar vai ser um fracasso e o governo vai ter de fazer alguma coisa pelo povo." Amanhã, o bispo recebe representantes do MST, do Movimento dos Agricultores Sem-Terra (Mast), do Unidos pela Terra e Fome Zero (Uniterra) e de outros movimentos e sindicatos rurais. Eles vão pedir ao representante da CPT que interceda junto ao governador José Serra (PSDB) para que retire da pauta da Assembléia Legislativa o projeto de regularização das terras do Pontal, encaminhado no ano passado. As áreas a serem legitimadas são fazendas com mais de 500 hectares que estão em disputa na Justiça, pois o Estado considera as terras devolutas, mas os donos alegam serem proprietários legítimos. Em troca, os proprietários cederiam parte das áreas para serem usadas na reforma agrária. D. José Maria se dispôs a falar com o governador, se for solicitado. UDR O presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia, disse que o posicionamento do bispo já é conhecido. "Ele não mede os limites, é ligado à esquerda radical, da qual fazem parte o MST e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia)", afirmou. Nabhan lamentou que o bispo se utilize da Igreja Católica para estimular o que ele chama de "vandalismo" e "baderna". "Como a gente sabe que ele não vai mudar, vamos torcer para que ele peça demissão da Igreja e se junte ao MST."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.