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Brasil deve cumprir meta contra desmatamento na Amazônia--Minc

Por RAYMOND COLITT
Atualização:

O Brasil está no caminho de cumprir sua meta de redução do desmatamento da Amazônia neste ano, e irá cortar o crédito para fazendeiros e frigoríficos que criarem e comprarem gado em terras devastadas ilegalmente, disse na terça-feira o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Um relatório trimestral divulgado na terça-feira mostrou que 197 quilômetros quadrados da floresta foram destruídos entre fevereiro e abril, uma redução de 90 por cento em relação ao mesmo período do ano anterior. Embora a intensa nebulosidade possa ter prejudicado a precisão do relatório, baseado em imagens de satélite, ele mostra uma clara tendência de redução, segundo Minc. "Teremos a menor taxa de desmatamento em 20 anos", afirmou ele numa entrevista coletiva em Brasília. De acordo com o ministro, o maior rigor no policiamento é a principal razão para a redução. Especialistas também citam a menor demanda global por alimentos, o que desestimula a ocupação agrícola da Amazônia. Durante anos o Brasil rejeitou metas de desmatamento, mas no ano passado anunciou que pretendia reduzir a destruição anual pela metade em uma década. Minc, que enfrenta forte oposição do lobby agropecuário, está sob pressão para demonstrar à comunidade internacional que pode cumprir suas promessas, que serão especialmente cobradas na conferência climática da ONU em dezembro em Copenhague. "Nosso objetivo é não só alcançar, se não superar a meta em nosso plano de mudança climática", disse Minc. A meta para este ano (período de 12 meses até julho) é de 9.200 quilômetros quadrados, o que seria o menor desmatamento já registrado, abaixo dos 11.900 do ano anterior. Minc disse concordar com um relatório divulgado no domingo pelo Greenpeace segundo o qual a carne brasileira estimula a destruição da Amazônia, e que o governo é cúmplice por financiar o setor. "O ministério compartilha da opinião. A pecuária hoje é o principal culpado do desmatamento", disse Minc, acrescentando que 11 frigoríficos, 20 pecuaristas e 72 fornecedores serão proibidos de receber verbas do governo destinadas ao resgate do setor da carne, afetado pela crise global. Essas empresas, segundo Minc, usavam terras ilegalmente desmatadas. "Não podemos ter dinheiro público financiando o desmatamento", disse o ministro, que na semana passada se queixou da falta de apoio do governo para cumprir sua agenda ambiental. Ele tem tido atritos com os ministérios de Transportes, Agricultura e Energia, que por sua vez se queixam das restrições ambientais aos respectivos setores. Na terça-feira, Minc anunciou uma nova operação contra a extração ilegal de madeira em junho e julho, e disse que tem total apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Haverá uma ofensiva total, com Lula participando."

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