Brasil deve liderar negociação para crise na região, diz analista

Para analista, Lula deveria reunir presidentes da Colômbia e do Equador.

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Por Fernanda Nidecker
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O Brasil deve desempenhar seu papel de potência regional e tomar a frente das negociações para solucionar a crise diplomática entre a Colômbia e o Equador, afirma o analista político Alan Deletroz, vice-presidente da organização International Crisis Group, com sede em Bruxelas, na Bélgica. O especialista acredita que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria convocar uma reunião de emergência entre os presidentes colombiano e equatoriano, Álvaro Uribe e Rafael Correa, sem a participação do líder venezuelano Hugo Chávez. "Seria importante se Lula, que é um presidente muito respeitado pelos líderes da região, convocasse um encontro entre os dois líderes para tentar resolver a crise, deixando a Venezuela de fora", disse Deletroz. "Não se pode dar a Chávez a importância que ele quer", acrescentou o analista, para quem a solução para o impasse diplomático terá de vir de "dentro da América Latina". OEA Segundo o analista político, a insistência de Correa para que a comunidade internacional condene a Colômbia por ter invadido o território equatoriano no fim de semana não vai produzir os resultados desejados. Para Deletroz, Correa já obteve o apoio que precisava com a resolução da OEA (Organização dos Estados Americanos), aprovada na quarta-feira, que reconheceu que houve violação da soberania do Equador. "A comunidade internacional não vai condenar a Colômbia porque sabe que o país tenta combater a guerrilha há décadas e reconhece o alvo (Raúl Reyes, porta-voz da guerrilha morto no sábado) como legítimo." Ainda de acordo com o analista, se a Colômbia conseguir provar a existência de ligações entre a guerrilha e o governo Correa, "será difícil para a o Equador e a Venezuela continuarem condenando a Colômbia". Guerra O analista descarta a possibilidade de um conflito armado entre os três países, devido, entre outros fatores, "ao despreparo" dos exércitos do Equador e da Venezuela. "O exército equatoriano não é bem equipado, não tem condições de lutar contra a Colômbia, e talvez essa seja uma das razões pela quais o governo Uribe não informou ao equatoriano sobre a operação", disse Deletroz. "Já a Colômbia tem um exército muito mais preparado, com experiência de combate, depois de 40 anos de luta com as Farc". Para o analista, as forças armadas da Venezuela estariam numa situação semelhante à do Equador, agravada "pela má situação das finanças do país". "É muito improvável que os militares venezuelanos embarquem no sonho de Chávez de um conflito armado contra Colômbia", disse o analista. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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