Brasil lança foguete com experimentos após sete tentativas

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Por NATUZA NERY
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As condições dos ventos deixaram de assombrar a missão espacial e o Brasil conseguiu, após sete tentativas frustradas, lançar nesta quinta-feira o foguete VSB-30 a partir da base de Alcântara, no Maranhão. Chamada de Cumã 2, a operação leva nove experimentos a bordo do veículo de sondagem para serem testados em ambiente de microgravidade. O vôo total do VSB-30 é estimado em 20 minutos, sendo 6 minutos e meio em situação de aparente ausência de peso. Após o lançamento, ocorrido na data limite fixada pela Aeronáutica, a carga útil do foguete (onde se localizam os experimentos científicos) volta à atmosfera terrestre e cai no mar, de onde deve ser resgatado por um grupo de busca. Só então a operação será considerada concluída. A contagem regressiva chegou a ser interrompida no período da manhã para que os técnicos pudessem avaliar as condições de vento, fundamentais para garantir a trajetória correta do foguete, não teleguiado. Desta vez, as correntes de ar jogaram a favor. Os sucessivos atrasos ao longo dos últimos dias desanimaram a equipe envolvida na Cumã 2. Inicialmente previsto para a quarta-feira da semana passada, 11 de julho, os cancelamentos jogaram dúvidas sobre o êxito da missão. O VSB-30 pesa 2,5 toneladas, tem 12 metros de comprimento, mas não chega a entrar em órbita. Apenas atinge as camadas exteriores da atmosfera. Construído em parceria com a agência espacial alemã, o foguete custou 1,25 milhão de dólares. As experiências científicas foram selecionadas pelo Programa Microgravidade, da Agência Espacial Brasileira (AEB). Alguns dos estudos escolhidos são continuações dos que foram conduzidos pelo astronauta brasileiro Marcos Pontes à Estação Espacial Internacional (ISS), no ano passado. Há projetos considerados estratégicos, como o desenvolvimento de um sistema nacional de guiagem de foguete brasileiros. Com a missão, o Brasil tenta dar um passo à frente em seu Programa Espacial, vítima de um forte abalo em 2003, quando uma descarga elétrica incinerou o Veículo Lançador de Satélite (VLS) às vésperas de seu lançamento, matando 21 pessoas que trabalhavam na ocasião. De tecnologia mais simples que o VLS, o VSB-30 já foi lançado outras três vezes. Uma a partir da base de Alcântara e em outras duas ocasiões a partir de um centro de lançamento na Suécia. O protótipo não é, porém, a menina dos olhos do Programa Espacial. Colocar um Veículo Lançador de Satélite em órbita é o grande sonho do Brasil, pois marcará a entrada do país no jogo espacial internacional.

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