Brasil quer atuar como líder no debate ambiental

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Por Lisandra Paraguassu
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Desde que assumiu o posto, em janeiro passado, a única mudança na estrutura do Itamaraty feita pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio de Aguiar Patriota, foi a criação de uma subsecretaria-geral de Meio Ambiente e Energia. Uma alteração burocrática, na aparência, o ato revela, na verdade, o que o ministro acredita ser a vocação brasileira no cenário internacional: liderar as discussões sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável para o combate à pobreza. Patriota acredita que essa é uma área onde o Brasil tem experiência, liderança e o que mostrar. A avaliação do Itamaraty é que nenhum outro país pode hoje falar tão bem do tema. Entre os ricos, a maior parte já atingiu um grau saudável de desenvolvimento social, mesmo que à custa da exploração de seus recursos naturais - e, hoje, os ricos falam apenas em preservação. Os países em desenvolvimento tendem a deixar o tema em segundo plano, já que o importante é tirar grandes contingentes populacionais da miséria. O Brasil, avalia a diplomacia brasileira, seria um dos poucos que tentam fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Depois da fracassada Conferência do Clima, em Copenhague, no final de 2009, o Brasil foi um dos poucos países a sair do encontro com um papel internacional positivo. Capitalizar essa liderança está nos planos brasileiros, e passa pela Conferência Rio+20, no ano que vem. O encontro foi proposto pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva às Nações Unidas em 2009, votado e aprovado no ano passado, incluindo o Rio de Janeiro como sede. O governo brasileiro sabe que corre o risco de sair da conferência com um fracasso em mãos - a condução do processo de discussão normalmente cabe ao país-sede, que fica com a pecha de ajudar ou atrapalhar o trabalho, como aconteceu com a Dinamarca no ano retrasado. Ainda assim, avalia o Itamaraty, é um risco necessário e uma oportunidade.

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