Brasileiros estão atentos mas não imunes ao doping, diz D Rose

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Por ALBERTO ALERIGI JR.
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Os 277 atletas brasileiros que disputarão os Jogos Olímpicos de Pequim estão conscientes de todos os riscos sobre doping na Olimpíada, e a maior parte foi testada preventivamente, mas é impossível garantir de antemão que não haverá nenhum caso envolvendo competidores do país, de acordo com a maior autoridade antidoping do Brasil. O coordenador da área antidoping do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Eduardo De Rose, afirmou que não houve nenhum resultado positivo nos exames preventivos, mas "quando o atleta quer se dopar, ele se dopa". "Se atleta brasileiro vai ser positivo (em exames antidoping) é adivinhação. Eu espero que não, mas não posso garantir que não", afirmou De Rose em entrevista à Reuters. Para o médico, que é responsável por essa área no COB desde 1976, nem sempre os esforços de controle e educação dos atletas sobre os perigos das substâncias ilegais evita problemas. No Pan-Americano de 2007, a nadadora Rebeca Gusmão e o levantador de peso Fabrício Mafra tiveram suas medalhas retiradas em escândalos de doping. "Infelizmente, para nós, foi o primeiro Pan-Americano que tivemos atleta brasileiro positivo. É claro que a gente sente muito, mas o que a gente pode dizer é que ambos os atletas foram testados antes da competição e não havia problemas aparentes", disse. Segundo De Rose, que também é membro do comitê antidoping do Comitê Olímpico Internacional (COI), em todas as Olimpíadas o COB tem feito um trabalho de prevenção, que além dos testes envolve palestras, cursos e publicação de cartilha com medicamentos que podem causar doping. Para tentar evitar os perigos da automedicação por parte dos atletas, o COB, além de clínica com cerca de 40 médicos montada na Vila Olímpica de Pequim, fez este ano uma parceria mais próxima com o Laboratório de Controle de Dopagem da Universidade Federal do Rio de Janeiro para verificar medicamentos que constam da lista de permitidos da cartilha, para evitar eventuais erros. "Foi feito um estudo mais sério, mais cientifico para se evitar erro nesta parte. Não que antes a gente não fizesse esses estudos, mas não havia essa estrutura de preparação dos produtos permitidos de agora", disse De Rose. DE OLHO NOS ANABOLIZANTES Apesar das suspeitas sobre novos métodos de melhora artificial de performance, que incluem uso de medicamentos permitidos como o Viagra, De Rose afirma que as substâncias que continuarão na mira das autoridades do COI em Pequim serão os esteróides anabolizantes, que proporcionam aumento da massa muscular e melhoram a resistência. A operação antidoping na China prevê cerca de 4,5 mil exames a serem realizados durante a competição, volume 25 por cento maior que o feito há quatro anos, em Atenas. "A estatística da (Agência Mundial Antidoping) Wada mostra que a substância da moda continua sendo o anabólico esteróide, mas desta vez o COI buscará detectar melhor o hormônio de crescimento, que se vê apenas via exames de sangue." Em Pequim, De Rose fará parte de uma comissão de "controle de qualidade" da equipe chinesa que fará os exames, que ainda serão mais aprimorados do que os realizados nos Jogos de Atenas. "Vamos assegurar que eles tenham qualidade internacional. Em princípio os chineses estão bem orientados, mas a gente acompanha como parte de uma auditoria interna do comitê olímpico", afirmou o médico especializado em medicina do esporte. (Edição de Tatiana Ramil e Pedro Fonseca)

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