Bric defende nova regulação financeira global

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Por ISABEL VERSIANI E RENATO ANDRADE
Atualização:

Brasil, Rússia, Índia e China insistiram nesta sexta-feira na necessidade de uma nova regulação do sistema financeiro mundial, ao mesmo tempo em que prometeram tomar "todas as medidas necessárias" para aliviar o impacto da crise e preservar o crescimento de médio e longo prazos de suas economias. Em comunicado conjunto do chamado Bric, após uma reunião em São Paulo, os ministros da Fazenda dos quatro países também fizeram um apelo por uma reforma das instituições multilaterais para que elas dêem mais peso aos emergentes. "Nós recusamos a participação no G7 como meros tomadores de cafezinho na primeira parte da reunião", disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em entrevista à imprensa. "Nós (emergentes) somos parte importante do crescimento mundial e, portanto, temos que ter um papel mais importante nas decisões." O primeiro encontro formal dos ministros de Fazenda dos Bric ocorreu antes do final de semana de reuniões do G20 --grupo que reúne os ministros de Fazenda e os presidentes do bancos centrais das 19 nações mais desenvolvidas do mundo e da União Européia. Segundo Mantega, o Bric proporá no fim de semana que o G20 seja transformado em um grupo de chefes de Estado que passaria a ter um papel proeminente na discussão das questões financeiras internacionais, substituindo a atuação do G7, que teria ficado ultrapassado. "O G20 é mais representativo que o G7", disse Mantega. "O G7 é insuficiente para trazer soluções, o G20 passa então a ter um papel mais importante." Os países do Bric defenderam, ainda, que o mundo adote políticas anticíclicas para que uma recessão nas economias avançadas não se espalhe pelos emergentes. "Me parece inevitável que haja uma recessão nos Estados Unidos, nos países europeus e também no Japão... o importante é estancar esse processo, impedir que essa recessão seja muito profunda, de modo a atingir menos os países emergentes", disse Mantega a jornalistas. No comunicado, os países fizeram, ainda, um apelo para que os países desenvolvidos tomem as ações necessárias para minimizar os impactos negativos da crise sobre os menos avançados. "Nós reconhecemos que a crise em algum grau afetou nossos países... As consequências totais da atual turbulência, sua duração e impacto, no entanto, ainda serão determinadas", acrescentou o comunicado.

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