Busca por tratamento de acupuntura no SUS cresce 429% em cinco anos

Saúde. Apesar de a prática da acupuntura já ser reconhecida pelo Ministério da Saúde desde 1988, salto nos atendimentos é atribuído pelos especialistas à implementação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), de 2006

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Por Fernanda Bassette
Atualização:

O número de procedimentos de acupuntura realizados pelo SUS em todo o País cresceu 429% em cinco anos: em 2007 foram feitas 97.274 sessões, enquanto que neste ano, até setembro, já foram feitas 514.659 - incluindo as realizadas com agulhas, ventosas ou por eletroestimulação. As aplicações de acupuntura feitas exclusivamente com agulhas somam mais da metade dos casos: 369.320, segundo levantamento do Ministério da Saúde feito a pedido do Estado. Só no Estado de São Paulo, por exemplo, foram 39.631 atendimentos na rede pública em 2007 e 219.988 atendimentos até setembro deste ano, o que representa um acréscimo de 455%.O acesso é oferecido principalmente nas unidades básicas de saúde, que são responsáveis por 70% dos atendimentos, seguido por 25% dos atendimentos feitos nas unidades especializadas (ambulatórios específicos) e 5%, nos hospitais (nos cuidados paliativos).As principais indicações são alívio da dor crônica (hérnias de disco, lombalgias, artrites, enxaquecas), melhora da função respiratória, insônia, ansiedade, depressão e redução dos sintomas como dormência e enjoos em pacientes com câncer (mais informações nesta página).O Ministério da Saúde repassou em 2011 R$ 5,6 milhões pelos procedimentos de acupuntura, incluindo as consultas, realizados nos 678 estabelecimentos que prestam o serviço pela rede pública. Neste ano, até agosto, já foram repassados R$ 4 milhões. Apesar de a prática da acupuntura já ser reconhecida pelo SUS desde 1988, o salto nos atendimentos é atribuído à implementação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), em 2006.A medida passou a oferecer à população o acesso às terapias não convencionais, o que inclui acupuntura, práticas corporais (como lian gong e tai chi chuan), homeopatia, fitoterápicos e plantas medicinais. Segundo Patrícia Sampaio Chueiri, coordenadora geral da PNPIC, os números levam em conta apenas as sessões que foram aprovadas e pagas pelo ministério. Se for considerado o número de sessões que os Estados informam terem feito, o valor salta para 797.306, até setembro."A acupuntura tem crescido muito em todo o País. Essa diferença no número de sessões pode ter sido paga com recursos do próprio Estado ou município", explica Patrícia.Atendimentos. Hildebrando Sábato, presidente do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura (CMBA), atribui o aumento de atendimentos a mais informações e mais divulgação da técnica. "A partir da implementação da política nacional, a técnica passou a ser mais conhecida. Isso fez as pessoas se sentirem seguras para procurar mais o atendimento", avalia.De acordo com ele, antes de a política ser implementada, os atendimentos eram restritos a centros especializados, em geral nas capitais. "Além da política, os resultados científicos se tornaram mais claros, mais evidentes, o que passou mais segurança para a população em geral."Investimentos. O aumento da demanda por acupuntura e outras práticas integrativas fez o ministério pensar em expandir as técnicas. Segundo Patrícia, em 2013 o governo vai lançar um edital de R$ 2 milhões para pesquisas voltadas especificamente para essa área.A ideia é avaliar os resultados do uso dessas técnicas em pessoas com dores crônicas, hipertensão e diabete. "As práticas integrativas não têm muito espaço nas universidades. Então a nossa ideia é estimular a concorrência, com pesquisas que avaliem o custo efetividade das práticas."

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