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Bush faz balanço e diz que EUA serão julgados pela história

Líder americano diz à BBC que espera uma análise objetiva de seu legado no futuro.

Por Da BBC Brasil
Atualização:

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, fez um balanço de seus sete anos no cargo e disse que a "história vai julgar as decisões" tomadas durante seu governo como "decisões necessárias". Em entrevista exclusiva concedida à BBC, Bush, que deixa o cargo em janeiro do ano que vem, disse esperar que a passagem do tempo permita uma análise mais objetiva de seu governo como um todo. O líder americano disse que espera não ser lembrando apenas pela intervenção militar no Iraque, mas também por "liberar 25 milhões de pessoas no Afeganistão", "propor uma solução de dois Estados para Israel e a Autoridade Palestina" e por "muitas outras questões". O presidente americano declarou que está "feliz com o que está acontecendo agora" com o Iraque, onde "a reconciliação está acontecendo" e "o corpo legislativo está começando a funcionar". "O mundo está começando a reconhecer que a decisão de mandar mais tropas foi uma decisão bem difícil de tomar", disse, em uma referência à medida adotada no ano passado para aumentar a segurança no país. Tortura Bush também confirmou que pretende vetar um projeto de lei aprovado pelo Congresso americano que torna ilegal uma técnica usada em interrogatórios e considerada uma forma de tortura. A prática, chamada waterboarding, consiste em amarrar um prisioneiro em uma tábua inclinada e jogar água em sua cabeça, simulando a sensação de afogamento. "O que quer que façamos será legal", disse o presidente. Bush afirmou acreditar que o governo americano deve "garantir que os profissionais (que fazem interrogatórios) tenham as ferramentas necessárias para proteger" o país. "Reconheço que muitos dizem que esses terroristas não são mais uma grande ameaça para os Estados Unidos", afirmou. "Eu discordo completamente." Bush afirmou ainda que não acredita que os Estados Unidos estão mandando uma "mensagem errada" ao mundo ao adotar práticas que críticos acreditam ser violações de direitos humanos - como a prisão de dezenas de suspeitos na prisão de Guantánamo, em Cuba, sem julgamento. "É necessário adotar medidas para proteger a nós mesmos e para encontrar informações que podem proteger outros", disse. "Veja o caso de Guantánamo", acrescentou. "Eu gostaria que estivesse vazia. Por outro lado, há pessoas lá que precisam ser julgadas. E haverá um julgamento. E eles terão o dia deles no tribunal. Diferentemente do que eles fizeram com outras pessoas." Autoridade moral O presidente americano disse acreditar que os Estados Unidos ainda mantêm uma autoridade moral no mundo. "Nós acreditamos em direitos humanos e dignidade humana", afirmou. "Acreditamos em liberdade. E estamos dispostos a assumir a liderança. Nós estamos dispostos a pedir às nações que façam coisas difíceis." "Vivemos em um mundo como as emissoras de notícias 24 horas por dia", acrescentou. "Vivemos em um mundo em que tudo é, digamos, instantâneo. Mas o trabalho que estamos fazendo exige paciência." "Mas, o mais importante, exige fé na universalidade da liberdade que existe em cada coração. E por isso, não fico feliz apenas em defender decisões. Estou confiante de que elas vão levar a um melhor amanhã", concluiu Bush. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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