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Câmbio e preços garantem lucro recorde à Petrobras

Por Denise Luna (Broadcast)
Atualização:

Maiores preços, vendas, aumento de produção e o câmbio garantiram à Petrobras um lucro líquido recorde no terceiro trimestre deste ano. Os ganhos entre julho e setembro somaram 10,852 bilhões de reais, uma alta de 96 por cento em relação ao resultado registrado há um ano, de 5,528 bilhões de reais. O lucro foi 24 por cento superior ao verificado no segundo trimestre do ano, quando a companhia registrou 8,783 bilhões de reais. "Esse resultado é consequência, principalmente, do aumento da produção, da elevação dos preços médios de realização dos derivados no mercado interno e das exportações e do ganho cambial decorrente da depreciação do real sobre os ativos líquidos expostos à variação cambial no valor de 3,478 bilhões de reais", destacou a companhia em comunicado. "O lucro foi ajudado pelo câmbio", destacou o diretor Financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, falando a jornalistas. O resultado ficou acima da previsão média de cinco analistas ouvidos pela Reuters, que apontavam lucro de 9,3 bilhões de reais no período. O lucro antes de juros, impostos e amortizações, conhecido como Ebitda, ficou em 15,680 bilhões de reais, contra os 13,075 bilhões de reais registrados no mesmo período do ano passado. A Petrobras informou que, no acumulado do ano até setembro, o lucro líquido consolidado também foi recorde, subindo 61 por cento em relação ao apurado no mesmo período de 2007, para 26,560 bilhões de reais, beneficiado pelos preços, efeitos cambiais, aumento de produção e menor despesa com plano de pensão. PRODUÇÃO NO BRASIL No terceiro trimestre de 2008, a média de produção de petróleo no Brasil cresceu 5 por cento em relação ao mesmo período de 2007, para 1,883 milhão de barris/dia. Já a produção de gás no país teve crescimento de 22 por cento na mesma comparação, para 330 milhões de metros cúbicos. Apesar do aumento no volume produzido nacionalmente, a empresa reduziu a meta de produção de petróleo no ano de 1,950 milhão de barris/dia para um intervalo de 1,890 a 1,900 milhão de barris diários. "Em virtude das plataformas previstas que iam entrar no quarto trimestre, e que vão entrar só em janeiro, a produção foi revista, e a expectativa é de que (a produção) fique na faixa inferior (da previsão)", disse o diretor. Segundo ele, deverão ficar para janeiro as unidades P-51 e FPSO Cidade de Niterói, por atraso na entrega de equipamentos. MENOS AUTO-SUFICIENTE De acordo com Barbassa, o crescimento da demanda interna por diesel obrigou a empresa a importar mais petróleo leve, e por esse motivo a balança comercial da companhia ficou negativa no terceiro trimestre em 36 mil barris, contra um saldo líquido positivo de 57 mil barris entre julho e setembro de 2007. "Isso foi fruto do grande crescimento da demanda no mercado doméstico, e apesar do aumento de 5 por cento na produção", observou o diretor. No acumulado ano, no entanto, esse saldo comercial ainda está positivo em 6 mil barris diários, contra 89 mil barris nos nove primeiros meses de 2007. Em valores, o saldo ficou negativo em 1,8 bilhão de dólares no acumulado do ano, contra cerca de 100 milhões de dólares no mesmo período de 2007. A Petrobras compra óleo leve, de maior valor no mercado, e exporta óleo pesado, o que explica o saldo positivo em volume e negativo em valores, no acumulado do ano. Em 2006, a Petrobras comemorou ter atingido a auto-suficiência em petróleo em evento com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. PREÇOS No terceiro trimestre de 2008, a Petrobras ainda foi beneficiada pelo preço recorde do petróleo registrado em julho, de 147,27 dólares por barril, na bolsa de Nova York. E a queda acentuada nos últimos meses em meio à crise financeira global, para cerca de 60 dólares o barril, não assusta Barbassa, que no curto prazo estima que o petróleo continuará oscilando entre 60 e 80 dólares o barril. Pois, segundo ele, as perspectivas são de alta. "Tão logo haja recuperação na economia, o petróleo vai subir rapidamente, porque não há perspectiva de que cresça muito a oferta", disse ele. O diretor lembrou ainda que, se o petróleo cai e o câmbio sobe a companhia pode compensar as perdas da commodity. "A Petrobras funciona como uma empresa exportadora, quando o câmbio sobe não tem perda tão grande...", explicou. O diretor reafirmou que a empresa prevê para o final do ano a divulgação do novo plano de negócios. Ele disse que os projetos que podem dar resultado mais rápido serão priorizados, mas garantiu também que os investimentos do pré-sal. "Vamos priorizar projetos que gerem caixa rapidamente." Para este ano, a previsão é de que os investimentos atinjam 50 bilhões de reais, 10 por cento a mais do que em 2007.

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