Campanha de Dilma conclui programa de governo e decide não divulgá-lo na reta final da eleição

O programa de governo da presidente Dilma Rousseff (PT) para um eventual segundo mandato foi concluído, mas não será divulgado para não se tornar um potencial fator de "ruído" na reta final da disputa eleitoral, informaram à Reuters fontes da campanha e do governo. "As propostas estão prontas, mas não serão apresentadas. De agora até domingo vai tudo ficar como está", disse uma fonte da campanha com conhecimento do programa, informando que a orientação é evitar fatos que possam colocar em risco a vantagem numérica de Dilma sobre o candidato do PSDB, Aécio Neves, nas pesquisas de intenção de votos. Pesquisa do Datafolha divulgada durante a madrugada de quarta-feira confirmou a liderança numérica de Dilma. De acordo com o levantamento, a presidente que tenta a reeleição tem 52 por cento dos votos válidos e o tucano, 48 por cento, em empate no limite da margem de erro.[nL2N0SH0FY] Após o primeiro turno da eleição presidencial a equipe da campanha da presidente, que tenta a reeleição pelo PT, pediu a diferentes áreas do governo propostas a serem unificadas em um programa com a finalidade de diferenciar a plataforma de governo de Dilma da diretriz política de Aécio.[ID:nE6N0PY027] As propostas foram enviadas à coordenação da campanha petista e compuseram um levantamento mais amplo com indicações de continuidade e expansão de projetos em diferentes áreas a exemplo de saúde, educação e em programas sociais. Segundo informou uma fonte do governo, as propostas enviadas também serviram para preparar a presidente para os debates do segundo turno. De acordo com essa fonte, que falou sob condição de anonimato, a campanha optou por não fazer a divulgação do programa de governo por considerar que a apresentação do documento na reta final da disputa presidencial poderia ser fator de questionamentos, com potencial para dar munição ao adversário nos últimos dias que antecedem o pleito. Ainda de acordo com a mesma fonte, a ideia é evitar situações de constrangimentos como os enfrentados pela candidata Marina Silva (PSB), terceira colocada no primeiro turno, que após apresentar o programa precisou fazer uma revisão e foi alvo de críticas ao recuar sobre sua proposta de legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. E também o embaraço vivenciado por Aécio, que teve que entrar em detalhes sobre seu posicionamento em relação ao fator previdenciário (mecanismo que reduz valor de aposentadorias avaliadas como precoces), um assunto sensível no campo de políticas previdenciárias. Com essa postura, a coordenação da campanha eleitoral de Dilma mantém a orientação inicial da presidente de não apresentar sua plataforma política para um segundo mandato. Frequentemente cobrada a apresentar suas propostas, a presidente tem se restringido a dizer que seu programa "está na realidade". Algumas das diretrizes para um eventual segundo governo de Dilma constam de um programa protocolar apresentado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), atendendo a uma obrigatoriedade da legislação. O documento ao TSE, no entanto, tem um caráter de balanço que lista ações do governo petista nos últimos 12 anos.

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Por LUCIANA OTONI
Atualização:

(Edição de Cesar Bianconi e Maria Pia Palermo)

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