Cargill vê próxima safra de grãos do Brasil com otimismo

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Por Redação
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A subsidiária brasileira da gigante norte-americana Cargill vê com otimismo a próxima safra de grãos do Brasil, após melhorias no cenário para o crédito no campo e a queda no preço de insumos importantes como o fertilizante, afirmou o diretor-presidente Marcelo Martins. "Vemos isso como positivo. Para nós, é muito importante assegurar a rentabilidade dos produtores. Acreditamos que a questão do crédito, que em algum momento se somou aos custos com fertilizantes, vai se corrigindo", declarou Martins a jornalistas, após um evento em São Paulo. Os custos com fertilizantes atingiram recordes de alta em 2008, seguindo os picos históricos dos preços das commodities agrícolas. Mas por conta de uma menor demanda em meio à crise no final do ano passado o valor de algumas misturas de adubos caiu pela metade. "Se pensarmos que há insumos agrícolas um pouco mais acessíveis e que não se tenha um problema de clima (a colheita 2008/09 do Brasil foi afetada pela seca)... e se pensarmos que está se recompondo o crédito agrícola, acho que é razoável olharmos com otimismo o crescimento da safra brasileira", declarou Martins, que comanda as operações brasileiras. A safra de soja 08/09 do Brasil somou 57 milhões de toneladas, 3 milhões a menos em relação ao recorde de 60 milhões registrados em 07/08, especialmente por conta de seca no Sul do país. A Cargill está entre as duas maiores empresas exportadoras de soja do Brasil e é a segunda em processamento da oleaginosa, o principal produto do agronegócio brasileiro. A operação brasileira, que registrou faturamento de 16 bilhões de reais em 2008, contra 12,7 bilhões de reais em 2007, não foi afetada pela crise internacional, de acordo com Martins, tendo registrado bons volumes tanto no mercado local como no de exportação, com auxílio da forte demanda chinesa e da quebra da safra de grãos argentina. "O nosso faturamento varia bastante com os preços de commodities e o câmbio. Mas em termos de volume e performance de maneira geral, a empresa não está sofrendo uma queda", declarou. Evitando fazer previsões, Martins disse que a empresa no Brasil prevê crescer no mercado doméstico, onde a demanda está sustentada, e também no exterior. A Cargill também atua no Brasil com milho, açúcar, algodão, etanol, carnes, cacau e chocolate, entre outros produtos, com 25 fábricas e 26 mil funcionários. O executivo disse ainda que a Cargill não paralisou nenhum de seus projetos em função da crise, mas destacou que "alguns novos investimentos estão passando por um crivo bastante rigoroso". RETOMADA NO AÇÚCAR De acordo com Martins, a divisão de carnes da Cargill chegou a sofrer, assim como a de outras companhias, os efeitos da crise, assim como a empresa foi afetada pelos preços baixos do açúcar e do etanol. Mas, pelo menos no açúcar, o executivo está agora mais confiante, com os futuros na bolsa de Nova York nos maiores valores em três anos. "Agora tem uma reversão de cenário de preços que vem em boa hora, porque o setor está passando por consolidação e por mudanças estruturais, e é bom que venham preços que ajudem o setor a passar por esse processo", declarou ele. A Cargill no Brasil, além de contar com participações em usinas, atua fortemente como trading do produto, estando entre as três principais do país. (Reportagem de Roberto Samora)

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