Cariocas protestam contra apagão no subúrbio

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Por Fernanda Nunes , Heloisa Aruth Sturm e SABRINA VALLE
Atualização:

A falta de luz em dezenas de bairros nos últimos dois dias levou às ruas moradores dos subúrbios cariocas, que queimaram pneus e interromperam o trânsito em vias movimentadas das zonas norte e oeste. Na madrugada desta sexta, em frente ao conjunto habitacional Nova Sepetiba (zona oeste), policiais expulsaram manifestantes inconformados com o apagão que durava desde a noite anterior.Horas antes, na Faixa de Gaza, apelido da avenida Leopoldo Bulhões (Manguinhos, zona norte), a Polícia Militar reprimira protesto de moradores das favelas da região, que incendiaram lixo na pista. Eles reclamavam do corte de energia.Oficialmente, a Light (companhia energética que abastece o Rio) nega os apagões. Reconhece, entretanto, a existência de problemas. Mas, em vez de apagão, prefere usar a expressão "interrupção no fornecimento de luz em alguns trechos" da região metropolitana do Rio.A empresa credita o problema ao calor e aumento dos gastos de energia decorrentes da temperatura elevada (43 graus Celsius na quarta-feira). Segundo a Light, seu sistema de distribuição não está preparado para atender simultaneamente demanda tão alta por eletricidade em diferentes pontos.Embora tenha evitado comentar a frase dita nesta quinta (27) pela presidente Dilma Rousseff de que "sempre que a temperatura passa de 40 (graus), a Light tem problema", o superintendente de Operação e Manutenção de Rede da companhia, José Hilário Portes, admitiu que "a temperatura muito acima da normalidade leva a problemas". Para ele, "é preciso considerar no Rio essa realidade da carga à revelia". Como carga à revelia ele entende o consumo de energia acima do estimado com a aquisição de novos equipamentos pelas famílias. "O ideal seria que o consumidor informasse à distribuidora o aumento de consumo de energia, quando adquire um novo aparelho, mas isso não acontece", lamentou. O superintendente não vincula os apagões aos cortes de energia no sistema de transmissão que têm ocorrido no País. "É preciso separar um pouco os eventos. O sistema elétrico é muito grande. Há os sistemas nacionais e os locais."Sobre o apagão no aeroporto do Galeão na quarta-feira (26), a Light reafirmou que a estrutura onde houve o problema não é de sua responsabilidade. A subestação e linha de atendimento do Galeão pertencem à Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero).Temperaturas elevadas têm estimulado o consumo de energia no País. O uso de condicionadores de ar fez o consumo apresentar, em novembro, o maior crescimento mensal de 2012 na comparação com o mesmo mês de 2011 _6,3%, conforme informou a Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE).O aumento veio principalmente do consumo em residências, lojas e estabelecimentos do setor de serviço. Já no caso da indústria, a alta na mesma comparação foi de apenas 0,2%. Houve, no entanto, avanço de 0,6% em relação ao mês anterior. Segundo a EPE, este pode ser um indício de recuperação da atividade industrial, já que em outubro o aumento fora de apenas 0,1%.Moradores também sofrem com a falta de água na região metropolitana do Rio. Nesta sexta, internautas das zonas norte e oeste acusavam o problema pelo twitter. Em nota, a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) informou que todo o sistema está abastecido, mas reconhece que "alguns pontos específicos podem estar enfrentando problemas de abastecimento devido às altas temperaturas, que aumentam o consumo e reduzem a pressão na rede, e às várias interrupções no fornecimento de energia".

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