CBMM procura mercado para produção de terras-raras

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Por SABRINA LORENZI
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Superado o obstáculo de criar tecnologia necessária para produzir terras-raras, a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) agora se prepara para o desafio de desenvolver mercado para seus produtos, afirmou à Reuters o diretor-geral da empresa, Tadeu Carneiro. A companhia, que é a maior fornecedora de nióbio do mundo, iniciou em maio a produção de dois concentrados refinados de terras-raras em Araxá, em uma planta-piloto com capacidade para mil toneladas anuais que poderá ser elevada para 3 mil toneladas por ano. "Potenciais consumidores já estão sendo contatados. Com a descoberta tecnológica da CBMM, os desafios restantes para a consolidação do fornecimento de terras-raras passam a ser só os de mercado ... A companhia já discute planos futuros com potenciais clientes para seus produtos de terras raras", declarou o executivo, em resposta por e-mail. A companhia encontrou uma solução para concentrar e refinar a mistura de óxidos de terras-raras contida na monazita de seu minério, tarefa considerada difícil por especialistas da indústria de mineração. "O grande diferencial desta conquista tecnológica é o fato das terras-raras serem obtidas do resíduo do processo de produção de nióbio, sem a necessidade de investimentos extras em mineração". A CBMM investiu cerca de R$ 50 milhões no desenvolvimento dessa nova tecnologia. A empresa parte agora para afunilar suas pesquisas para produção de um estudo de mercado e a possível produção de óxidos puros. A empresa produz, por enquanto, sulfato duplo e hidróxido. As terras-raras são utilizadas na produção de gasolina e em uma ampla gama de bens, desde telefones celulares a telas de TV. O mercado é dominado pela China. O fornecimento da matéria-prima usada na elaboração catalisadores indispensáveis à produção de gasolina se tornou uma preocupação depois que os chineses decidiram limitar as exportações de terras-raras. "O começo de produção de terras-raras pela CBMM pode ser considerado um marco, uma ruptura que pode levar o Brasil a reduzir importações destes produtos no longo prazo", afirmou o diretor-geral da CBMM. A Petrobras, por exemplo, atualmente importa da China a matéria-prima utilizada no processamento de petróleo em suas refinarias. A Vale, que também possui reservas de terras-raras, poderá fornecer o produto para a petroleira no futuro, como parte de um protocolo de intenções recém-formalizado entre as duas companhias para projetos de interesse comum. NIÓBIO A CBMM vendeu aproximadamente 66 mil toneladas de ferronióbio e mais de 5 mil toneladas de outros produtos de nióbio ao mercado, registrando receita de 3,2 bilhões de reais e lucro líquido de 1,2 bilhão de reais, em 2011. Os principais destinos dos produtos de nióbio da CBMM são América do Norte (15 por cento das vendas); Europa (22 por cento); Japão, Coreia e Taiwan (16 por cento) e China e outros países asiáticos (32 por cento das vendas). "Estima-se que a demanda futura para o nióbio continue a crescer mais rápido do que a produção de aço devido à contínua inserção tecnológica do nióbio na produção siderúrgica", afirmou Carneiro. Segundo ele, a demanda mundial por nióbio registrou crescimento anual de cerca de 10 por cento ao ano de 1996 a 2003, enquanto a produção mundial de aço cresceu 4 por cento ao ano no mesmo período. A CBMM é uma companhia controlada pelo grupo Moreira Salles, que possui 70 por cento do capital acionário. Recentemente, o grupo se tornou sócio de companhias asiáticas, que adquiriram 30 por cento do capital da CBMM por quase 4 bilhões de dólares. "Essa associação faz parte da estratégia da empresa de aumentar a demanda para seus produtos e por sua tecnologia", disse o executivo. Estão entrar as acionistas da CBMM as japonesas Nippon Steel e JFE Steel; a coreana Posco; e as chinesas BaoSteel, Anshan, Tisco e Shougang.

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