CENÁRIOS-Indústria abre 2009 ainda fraca após choque de dezembro

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Por VANESSA STELZER
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Em números, o pior da produção industrial brasileira já passou. Segundo analistas, o setor deve continuar abatido neste início de 2009, mas o desempenho será melhor que a queda recorde apurada em dezembro do ano passado. A produção despencou 12,4 por cento em dezembro ante novembro e 14,5 por cento frente ao mesmo mês de 2007. Nos dois casos, foi o maior recuo da série histórica, iniciada em 1991. "A tendência da indústria agora é de estabilização. Em novembro e dezembro, os industriais foram muito intensos no ajuste de estoques com a demanda em franca redução", comentou Silvio Campos Neto, economista-chefe do Banco Schahin. "O primeiro trimestre (de 2009) da produção ainda vai ser fraco, mas as quedas vão ser bem menores. É difícil saber se vai ter algum mês positivo neste primeiro trimestre, mas talvez tenha, sim, porque as quedas já foram muito fortes." Alguns indicadores antecedentes de janeiro usados pelos analistas para projetar a atividade, como o dado do setor automotivo, ainda não foram divulgados. Mas alguns já começam a esboçar um cenário para o mês. A LCA Consultores afirmou em relatório que seu prognóstico preliminar é de alta de 10 por cento da produção ante dezembro, mas queda de 10 por cento sobre janeiro de 2007. "Os indicadores ligados à atividade econômica/industrial em janeiro mostram, pela primeira vez em três meses, variação marginal positiva: os licenciamentos de automóveis e comerciais leves avançaram 6 por cento de dezembro para janeiro; o consumo de energia elétrica avançou 0,6 por cento e o indicador de produção prevista da sondagem da FGV avançou 8,1 por cento", destacou a consultoria. O dado de produção da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), previsto para ser divulgado na próxima segunda-feira, no entanto, pode mudar as previsões feitas. Isso porque o setor automotivo é o que vem liderando a queda da indústria. PIB NEGATIVO NO 4o TRI Miriam Tavares, diretora da câmbio da AGK Corretora, lembra que o anúncio de mais férias coletivas nas montadoras em janeiro não é uma boa notícia. "Melhor que dezembro, janeiro vai ser, porque dezembro foi uma queda muito acentuada. Mas, pelos sinais que a gente tem recebido da indústria, janeiro também não foi bom. Tivemos muitas férias coletivas, disse. A indústria só deve se recuperar a partir do segundo trimestre do ano, o que reforça a perspectiva de continuidade dos cortes do juro básico pelo Banco Central. O desempenho da produção industrial divulgado nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reforça a previsão dos analistas de que a economia brasileira teve retração no quarto trimestre de 2008. "O PIB deve cair 1,0 por cento (no quarto trimestre de 2008 ante o terceiro), puxado para baixo pela indústria... O setor de serviços desacelerou com a crise, mas pouco, a indústria é que teve choque", avaliou Flávio Serrano, economista sênior do Bes Investimento. A estimativa de Neto, do Schahin, é ainda mais pessimista: queda de 2,5 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). Na comparação com o quarto trimestre de 2007, no entanto, ele estima variação positiva de 1,5 por cento, o que levaria o PIB a fechar o ano com alta de 5,1 por cento. Para 2009, as previsões do mercado contidas no relatório Focus do BC são de que o crescimento da economia irá desacelerar para 1,8 por cento.

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