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Cerca de 100 protestam contra licença para CSA no Rio

Por Felipe Werneck
Atualização:

Cerca de 100 pessoas participaram hoje de uma manifestação em frente ao prédio da Secretaria Estadual do Ambiente (Sea) do Rio de Janeiro contra a concessão da licença definitiva de operação à Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), em Santa Cruz, na zona oeste do Rio, acusada de causar danos ambientais e sociais na região. O secretário do Ambiente, Carlos Minc, não estava no prédio, e uma comissão formada por representantes de moradores e pescadores do bairro foi recebida por técnicos do Instituto Estadual do Ambiente (Inea).Após a reunião, a secretaria divulgou uma nota informando que "não dará a licença definitiva enquanto a CSA não cumprir exigências ambientais impostas pelo governo". Enquanto isso, a empresa continua operando. O grupo reivindicou uma reunião com Minc, que foi agendada para março. "Minha vida virou um inferno de calor e poeira. Já acabaram com os animais, o mangue e agora querem acabar com a gente. Quem tem que sair daqui são eles. Vieram da Alemanha e acham que a gente é lixo", afirmou a aposentada Sirlei de Oliveira, de 55 anos, que reclama de coceira e alergia decorrentes da "chuva prateada" que atinge o bairro. A CSA é uma parceria da alemã ThyssenKrupp com a brasileira Vale. Em agosto de 2010, a CSA foi multada em R$ 1,8 milhão pelo Inea por causa da emissão de material particulado (como grafite) na atmosfera. O pó cobriu casas de moradores de Santa Cruz, que se queixam de problemas respiratórios, oftalmológicos e dermatológicos, além da redução do pescado. Em janeiro, outra multa foi aplicada, de R$ 2,8 milhões, por danos ambientais. Na ocasião, a secretaria também determinou à CSA a realização de obras de "compensação indenizatória" que totalizam R$ 14 milhões: dragagem e drenagem, pavimentação, construção de uma clínica e de um centro de saúde no bairro.A CSA passa por auditoria ambiental desde janeiro, feita pela Usiminas, mas ambientalistas questionam sua independência. "Os laços entre a Vale e a Usiminas são políticos e profundos", afirmou o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL). Em discurso, Freixo disse que a principal liderança dos pescadores na região foi incluída no programa de proteção a testemunhas. "A segurança da CSA era feita pela milícia local. Esse é o preço do desenvolvimento?" Para o vereador Eliomar Coelho (PSOL), também presente, as multas aplicadas pela secretaria "não representam nada perto da isenção fiscal concedida pelo Estado à empresa, de mais de R$ 10 milhões por ano".

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