CEUs substituem astros de TV por artistas locais

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Por Adriana Ferraz
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Desde o início do ano, os teatros da periferia de São Paulo estão menos badalados. Marca da gestão passada, o programa CEU é Show, que levava celebridades para apresentações grátis nos 45 Centros Educacionais Unificados (CEUs) da cidade, foi finalizado pelo prefeito Fernando Haddad (PT). A programação agora tem como foco a produção artística local, que passou a dominar a lista de atrações.A Secretaria Municipal de Educação diz que retomou o projeto educacional original dos CEUs, desenvolvido ainda na gestão de Marta Suplicy (PT) - 2001 a 2004. O objetivo é fazer de alunos não apenas espectadores, mas protagonistas de espetáculos musicais, teatrais, literários e esportivos. Para o secretário municipal de Educação, Cesar Callegari, a mudança não é apenas conceitual. "É uma decisão política, de gestão. As atividades culturais não devem ser apenas entretenimento. Devem ter compromisso com a educação", afirma.O novo circuito intersetorial será coordenado por um comitê que reunirá representantes das secretarias de Educação e Cultura. Os espetáculos estrelados por artistas de TV não estão descartados, segundo Callegari. Mas, a partir de agora, para serem contratados, os astros populares precisarão "oferecer algo mais". A ideia é estabelecer uma espécie de contrapartida social. "Pode ser uma oficina, por exemplo, para formação do aluno. Dessa forma, o resultado poderá ser permanente."Em 2012 passaram pelos teatros dos CEUs nomes como Fernanda Montenegro, Glória Menezes, Fábio Assunção e Reynaldo Gianecchini. Ao todo, a programação reuniu mais de 800 atrações. Em algumas delas os artistas desenvolveram uma espécie de conteúdo extra, defendido agora por Callegari. Fernanda Montenegro, por exemplo, levou a peça Viver Sem Tempos Mortos, sobre a filósofa e ensaísta francesa Simone de Beauvoir, a 21 teatros da periferia e, em todos os espetáculos, dialogou com o público a respeito da trajetória da autora. "É isso e ainda mais o que queremos. O objetivo é usar a cultura como experimentação. Não vamos investir no velho conceito, equivocado ao meu ver, de formação de público. Ele deve ser protagonista", defende Callegari.A contratação da Banda Estralo já compõe o novo modelo. Formada por artistas acostumados a relacionar arte e educação, a banda elaborou oficinas específicas aos alunos dos CEUs como forma de contrapartida à apresentação do show Estórias de Cantar.GastosApesar de a proposta ter mudado, o ritmo de investimentos será mantido, de acordo com a secretaria. A expectativa é de gastar R$ 13,8 milhões neste ano com a elaboração de projetos artísticos direcionados à população local e contratações para os teatros. No ano passado, o programa CEU é Show recebeu R$ 14 milhões em recursos municipais.A secretaria promete outras novidades até o fim do ano. Entre as metas estão ampliar o número de excursões de alunos a museus, teatros, cinemas e outras atrações culturais disponíveis na cidade e adaptar apresentações de ópera nos teatros da rede. "Vamos aproveitar o início da temporada para negociar com os artistas a formação de espetáculos específicos para os CEUs. Serão menores, provavelmente, mas com maior interação com a plateia." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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