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CFM faz campanha contra abertura de novas faculdades

Órgão diz que o Brasil, em quinto lugar em número absoluto de médicos no mundo, precisa distribuir melhor seus profissionais

Por Vannildo Mendes e BRASÍLIA
Atualização:

O Conselho Federal de Medicina (CFM) iniciou ontem uma campanha contra a proposta do governo federal de criação de novas faculdades de Medicina e de abertura do mercado para importação de médicos de outros países, como Cuba e Bolívia. "É uma falácia dizer que faltam médicos. Eles são suficientes, mas estão mal distribuídos porque não há política pública de valorização da saúde e dos profissionais do setor", diz o presidente do conselho, Roberto Luiz D'Ávila. Com 4,5% da população médica mundial e 197 escolas de Medicina, o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial de formação superior na área de Saúde, atrás da Índia (272), que tem população seis vezes maior. Está à frente de 188 países, entre eles a China (150). Quinto país do mundo em número absoluto de médicos (370 mil), o Brasil tem uma taxa de 1,95 profissional por mil habitantes, enquanto a média mundial é de 1,4 por mil - o número recomendado pela Organização Mundial da Saúde é de 2,5. O maior problema é que os profissionais estão mal distribuídos. A pior situação é a da Região Norte (taxa de 0,9) e a melhor é a do Sudeste (2,61).Segundo D'Ávila, a questão não é apenas a quantidade, mas a qualidade da formação dos médicos. Ele lembra que, na última avaliação do Ministério da Educação, nenhuma das escolas atingiu nota máxima (5) no Conceito Preliminar de Cursos (CPC), usado para avaliar a qualidade das instituições. Apenas 18% atingiram nota 4 e a maioria (53%) se distribuiu entre 2 (insuficiente) e 3 (nota mínima). "O curioso é que, embora anuncie sem pudor ou justificativa plausível a proliferação de escolas médicas, o MEC não menciona nada sobre o que será feito com os cursos de má qualidade", critica D'Ávila.Desde a década de 1990, segundo dados do CFM, o Brasil vive o boom de abertura de escolas de Medicina, que aumentaram 137% no período. "O ensino está fragmentado, com desvalorização da integralidade do cuidado com o paciente", observa o dirigente. Para ele, faltam professores qualificados, a estrutura das unidades é deficiente e há distanciamento entre sala de aula e os campos de estágio.

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