Chefe do Estado-Maior endossa críticas a demarcação

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Por Tania Monteiro
Atualização:

Segundo cargo na hierarquia do Ministério da Defesa, o chefe do Estado-Maior de Defesa, almirante Marcos Martins Torres, endossou hoje as críticas à demarcação contínua da terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. Torres disse que o comandante Militar da Amazônia, general Augusto Heleno Pereira, "não está sozinho na sua preocupação de que a demarcação, em área de fronteira com a Venezuela, seja uma ameaça à soberania nacional". A declaração, apesar de cuidadosa, reverbera a apreensão do meio militar. Sobre se Heleno não era uma voz isolada na questão da terra indígena, ele limitou-se a responder que "não". Medindo as palavras para não ressuscitar a crise militar protagonizada pelo comandante militar da Amazônia e preocupado em não afrontar o governo, Torres disse que o assunto está nas mãos do Supremo Tribunal Federal (STF). "No que diz respeito à Raposa, ninguém pode falar hoje sobre isso porque a decisão está no STF e o que o Supremo decidir (será respeitado)....", afirmou. Heleno foi censurado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e silenciado pelo Ministério da Defesa depois que afirmou que a política indigenista brasileira era "lamentável, para não dizer caótica". Depois do encerramento da 4ª Conferência de Defesa do Cone Sul, o chefe do Estado-Maior de Defesa modulou as declarações e sintonizou com as ordens da administração federal. O Poder Executivo defende a demarcação em área contínua. Ao citar as ações das Forças Armadas, em atendimento à população da região da Amazônia, Torres destacou que "militar não é contra o índio". O chefe do Estado-Maior justificou que falou sobre isso para dar um exemplo, chamando a atenção às operações realizadas na região. Torres respondia a uma pergunta sobre o tema da conferência, que era a discussão a respeito de um plano de contingência para o enfrentamento de pandemias. Depois, sobre a preocupação com as dificuldades enfrentadas na região, o almirante, cauteloso, repetiu o discurso de Lula, dizendo que "ali, todo mundo é brasileiro".

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