Cheia de afluentes do Rio Solimões afeta 9 mil no AM

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Por Liege Albuquerque
Atualização:

Mais de nove mil ribeirinhos foram atingidos pela cheia dos afluentes do Rio Solimões este ano, de acordo com a Defesa Civil Estadual. Segundo o órgão, pelo menos quatro mil famílias perderam suas casas, mas não foi necessário que as prefeituras disponibilizassem abrigos em escolas ou hospitais. Dos cinco municípios que estavam no início da cheia, em março, em estado de emergência, três permanecem agora: Envira, Eirunepé e Itamarati."Muita gente constrói suas casas em lugares considerados seguros, mas a fúria do rio é muitas vezes inesperada. Só que dificilmente não conseguem abrigo em casas de parentes", explica o prefeito do Envira, Rômulo Matos. O município, a 1,2 mil quilômetros de Manaus, foi um dos mais atingidos.De acordo com o prefeito, pelo menos duas mil famílias tiveram suas casas destruídas pela rapidez da subida do Rio Tarauacá, braço do Juruá, que banha o município. Por causa da cheia, há anos existe um calendário especial para as escolas nas áreas ribeirinhas: as aulas só começam depois do pico da cheia do Tarauacá. "As aulas vão começar no dia 9 de maio, mas tivemos 23 escolas destruídas pela correnteza do rio e vamos improvisar salas de aula em igrejas e postos de saúde enquanto providenciamos as reformas", contou.Matos destacou que, embora a quantidade de peixes seja farta no período da cheia, "quando o ribeirinho pesca na porta de casa", o problema é o alagamento da agricultura local, como plantações de macaxeira e banana. Segundo o prefeito, haverá ajuda financeira aos agricultores que perderam suas colheitas por conta da cheia do Tarauacá.NegroDe acordo com o segundo alerta de cheia do Rio Negro, divulgado no dia 29 de abril pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), a cheia desse ano deverá ser até 1,64 metro menor do que a maior da história, a de 2009, quando o nível do rio atingiu 29,77 metros. Segundo previsão do órgão, o Negro, que banha Manaus, deve atingir, no pico de junho, entre 27,78 e 28 metros. De acordo com o coordenador de ações da Defesa Civil Estadual, João Suzano, embora a cheia dos rios não esteja em nível recorde, a preocupação tem sido com o aparecimento de doenças na população ribeirinha que vive ao longo do Solimões. No início da semana, uma equipe com cinco médicos da Aeronáutica começou a atender ribeirinhos em Envira e em Eirunepé, também banhada pelo Juruá, onde algumas comunidades estão isoladas por conta da cheia. Doenças respiratórias e de pele são as mais frequentes.ChuvasAs chuvas na região amazônica estão acima do normal em algumas áreas, mas como as precipitações ocorrem ao longo dos rios, a previsão é de uma cheia normal. "As grandes cheias da história são sempre precedidas de chuva acima do normal na cabeceira dos rios, o que não é o caso desse ano", afirmou o chefe da Divisão de Meteorologia do Centro Regional do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), em Manaus, Ricardo Dallarosa.Em Manaus, desde o início do ano, a cada mês tem chovido até 50% mais do que o esperado. "Só neste começo de maio já choveu mais de 100 milímetros, sendo que a média do mês é de 220 milímetros."

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