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China afirma que vai retomar diálogo com Dalai Lama

Governo chinês vinha sendo pressionado pela comunidade internacional a negociar.

Por Marina Wentzel
Atualização:

Autoridades chinesas se reunirão com representantes do líder budista Dalai Lama para retomar o diálogo sobre maior autonomia para a região do Tibete, informou nesta sexta-feira a agência de notícias estatal Xinhua. "Por conta dos repetidos pedidos feitos pelo lado do Dalai Lama para retomar as conversas, o departamento relevante do governo central será contactado e consultará o representante particular do Dalai nos próximos dias", relatou a agência, mencionando como fonte sigilosa um alto funcionário. "A política do governo central para com o Dalai tem sido consistente, e a porta do diálogo se mantém aberta", disse o oficial. A disposição da China ao diálogo emerge após forte pressão da comunidade internacional para que Pequim dê mais espaço às reivindicações do governo do Tibete no exílio. Genocídio cultural Desde meados de março, quando eclodiram violentos protestos pró-independência na capital da região, Lhasa, países do ocidente têm demonstrado apoio à minoria tibetana, que liderada pelo Dalai Lama acusa a China de cometer um "genocídio cultural". A China, por sua vez, alega que o "bando do Dalai Lama" orquestrou a série de protestos pró-Tibete para sabotar os Jogos Olímpicos de Pequim, em agosto, e despedaçar a unidade nacional do país. "Espera-se que, através de contato e consulta, o lado do Dalai Lama tome medidas críveis para suspender atividades que ambicionam separar a China", afirmou o oficial do governo chinês à Xinhua. As autoridades estariam esperando o líder budista "parar de tramar e incitar violência e parar de sabotar os Jogos Olímpicos de Pequim, a fim de criar condições ao diálogo", publicou a imprensa estatal. Prenúncio Na quinta-feira, num prenúncio da decisão divulgada nesta sexta, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse que a China vinha dando sinais de que estaria pronta para dialogar com o líder budista e defendeu a pressão exercida pela França sobre o país asiático. "É preciso dar mais autonomia à província do Tibete. Deixem as autoridades chinesas demonstrarem o mesmo pragmatismo que mostraram com Hong Kong" afirmou Sarkozy em entrevista à TV francesa. Há cerca de duas semanas, fortes protestos pró-independência tibetana interromperam a passagem da tocha olímpica por Paris, dando início a uma onda de boicote e animosidades entre franceses e chineses. Produtos e empresas francesas, como a rede de supermercado Carrefour, sofreram com boicote dos consumidores chineses, que se mobilizaram para contestar a liberdade que Paris deu aos tibetanos. Durante um encontro na quinta-feira com o presidente do Senado da França, Christian Poncelet, em Pequim, o presidente Hu Jintao afirmou que o povo da China está sentido com as ações "inamistosas" dos franceses. "Esses eventos não são o que esperamos ver e eles machucam os sentimentos dos chineses", afirmou Hu. Pressão Organizações não governamentais ocidentais têm pressionado políticos a se posicionarem contra a China em relação ao Tibete e ao desrespeito aos direitos humanos. A presidente do Congresso americano, a democrata Nancy Pelosi, se encontrou com o Dalai Lama em março, e os pré-candidatos à Presidência Hillary Clinton e Barack Obama criticaram abertamente a China. Mas apesar de inúmeros políticos da Europa e dos Estados Unidos questionarem a política da China para o Tibete, ainda não houve confirmação de maiores rupturas diplomáticas. O presidente americano, George W. Bush, afirmou que comparecerá à abertura das Olimpíadas e o primeiro-ministro britânico Gordon Brown acompanhará o encerramento. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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