Chuva e safra recorde congestionam embarque de soja em Paranaguá

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Por ROBERTO SAMORA
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Chuvas paralisam desde a noite de domingo as operações de embarques de produtos agrícolas no porto de Paranaguá (PR), um dos principais para commodities do Brasil, uma situação que resultou em uma fila de cerca de 15 km de caminhões na rodovia de acesso ao local. Os veículos, que estão no acostamento, transportam principalmente soja da safra nova do Brasil, que será recorde, segundo fontes do mercado e da autoridade portuária. Mas o tempo chuvoso é somente um fator a mais para o atraso nas exportações de grãos pelo porto, uma vez que o fluxo de mercadorias aumenta sem a contrapartida da infraestrurura, segundo fontes do mercado. Para este ano, o porto prevê um aumento de 20 por cento na movimentação de cargas, em parte devido à esperada safra recorde de soja. Além disso, após a realização de uma dragagem, operadores que deixaram no passado de utilizar Paranaguá estão voltando a usar o local, segundo uma porta-voz portuária. Exportações de trigo e milho também colaboram para aumentar o aperto no porto. "Os navios de trigo atrasaram... O atraso dos navios de trigo, e ainda tem um pouco de milho para escoar, está confrontando com o início da safra de soja. E o que acontece: está tendo muita dificuldade nos embarques devido a esse conflito de produtos", afirmou o operador portuário Luciano Denardi, diretor da Grano Logística. Os caminhões no congestionamento carregam a soja recém-colhida em Mato Grosso e também do Paraná. Além da pressão de colheita sobre a logística, um terminal do porto com capacidade para cerca de 100 mil toneladas está interditado, após uma operação da Polícia Federal no mês passado, o que colabora para o atraso, acrescentaram as fontes. Segundo o operador portuário, ainda há quatro navios para carregar trigo e outros dois para milho. E dos cerca de dez navios para soja da safra nova programados, dois já foram carregados. O Brasil deverá colher uma safra recorde de soja neste ano, estimada para superar 70 milhões de toneladas, o que aliado a limitações logísticas agrava a situação. "Vai ser um ano bem difícil de se fazer logística, os compromissos estão concentrados nesta safra, o que gera dificuldades. A infraestrutura também não é compatível com aumento da safra deste ano", disse Denardi. O corretor Alexandre França, da Labhoro, lembrou que a situação poderia ser pior se a colheita de soja não estivesse atrasada em relação ao ano passado. Em 2010/11, as chuvas demoraram a atingir as áreas produtoras de Mato Grosso, atrasando a semeadura. Depois, chuvas intensas prejudicaram o início dos trabalhos de colheita no Paraná. Os dois Estados são, respectivamente, os maiores produtores de soja do Brasil. "A sorte é que a colheita não está tão adiantada no interior", disse França, concordando que os problemas logísticos atrasarão exportações agendadas para março. MAIOR MOVIMENTAÇÃO De acordo com a autoridade do porto, a formação de filas de caminhões também mostra, apesar do congestionamento, um aumento do interesse de operadores pelo porto após os serviços de dragagem executados, que vão permitir a chegada de navios maiores e também o carregamento total de outras embarcações que antes limitavam o peso devido às condições do local. Segundo uma porta-voz, Paranaguá prevê elevar em 20 por cento a movimentação de produtos este ano após a operação de dragagem. A movimentação de janeiro, quando os embarques de granéis como milho, soja, farelo de soja, trigo e açúcar subiram 60 por cento ante o mesmo período do ano passado, confirma essa previsão, disse a autoridade. "Com a dragagem, os navios agora estão operando com carga plena, e os operadores estão voltando", afirmou.

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