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Chuva pode provocar desastre ambiental no Rio

A Baía de Sepetiba está ameaçada por toneladas de metais pesados

Por Agencia Estado
Atualização:

A Baía de Sepetiba, no Estado do Rio, voltou a ser ameaçada pelo passivo ambiental da Companhia Ingá Mercantil, uma montanha de 3 milhões de toneladas e uma bacia de 200 milhões de litros de água contaminadas com metais pesados, como arsênio, chumbo, zinco e cádmio. As fortes chuvas que vêm assolando o Estado desde dezembro agravaram a intensidade dos vazamentos registrados ao longo do ano: 15 milhões de litros de rejeitos químicos já escoaram para os manguezais ao longo do ano. O prejuízo pode ser ainda maior, pois agora há risco de rompimento do dique de contenção. "Estamos sem recursos públicos para fazer o tratamento da água contaminada. Os equipamentos que bombeavam o efluente de volta à bacia estão parados desde dezembro. Fomos obrigados a dispensar os funcionários", relatou o químico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) João Alfredo Medeiros, coordenador do projeto Ingá Emergência. O projeto foi criado por decisão da 7ª Vara da Justiça Federal para sanar os problemas mais urgentes do passivo. O terreno de 1 milhão de metros quadrados está sob intervenção federal desde 2003. Diante da iminência de uma catástrofe ambiental na baía, a juíza da 7ª Vara, Salete Maccaloz, obrigou a União a comprar insumos químicos para filtrar a água. Além disso, determinou que o governo do Estado realize obras para reforçar o dique. Está marcada para hoje uma inspeção na área, feita por técnicos do Ibama e do Conselho Regional de Engenharia. Apesar da determinação judicial, o gerente regional do Ibama no Rio, Rogério Rocco, declarou ontem que não vai adquirir o material solicitado. "A compra de barrilha (insumo químico) não é uma solução adequada", declarou, explicando que a saída para evitar novos escoamentos não passa pelo tratamento do lago, mas pelo destino final da montanha de rejeitos tóxicos. Segundo ele, o órgão está analisando duas propostas para resolver o problema que se arrasta há 17 anos. Uma delas seria o encapsulamento do material, para tratamento posterior; a outra, o envelopamento, por meio do qual a área seria definitivamente isolada.

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