Cientistas propõem uso de LSD em tratamento

Ponto de vista de pesquisadores da Universidade de Zurique motivou artigo em revista científica; ideia encontra resistência dentro da academia

PUBLICIDADE

Por Alexandre Gonçalves e com Reuters
Atualização:

Drogas que provocam um estado alterado de consciência, como o LSD, a quetamina ou o chá de cogumelo, poderiam ser associadas à psicoterapia para tratar pessoas que sofrem de depressão, distúrbios compulsivos ou dores crônicas. É o que sugerem pesquisadores suíços em um artigo da revista Nature Reviews Neuroscience.A pesquisa dos efeitos das drogas psicodélicas, usadas no passado em psicoterapia, diminuiu nas últimas décadas por causa das suas conotações negativas, mas cientistas afirmam que agora os estudos sobre seu potencial clínico se justificam.Segundo os pesquisadores, recentes estudos sobre a neurobiologia do cérebro mostram que as drogas psicodélicas, como o LSD, a quetamina e a psilocibina - componente psicoativo do chá de cogumelo - exercem determinados efeitos sobre o cérebro, que ajudariam a reduzir os sintomas de distúrbios psiquiátricos. As drogas poderiam ser usadas como uma espécie de catalisador, dizem os cientistas. Elas ajudariam os pacientes a alterar sua percepção dos problemas ou dos níveis de dor, de modo a facilitar o trabalho concomitante de psicoterapeutas."As drogas psicodélicas podem dar aos pacientes uma nova perspectiva - particularmente quando surgem memórias suprimidas - e então eles passariam a trabalhar com essa experiência", disse Franz Vollenweider, da Universidade de Zurique, autor do trabalho.O psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, do Programa de Orientação e Assistência a Dependentes da Unifesp, também considera o campo de pesquisa promissor. "Como são substâncias que oferecem risco, devem sofrer controle, mas é preciso permitir a pesquisa", afirma.Para o professor Wagner Gattaz, do Instituto de Psiquiatria da USP, o uso de drogas alucinógenas para aliviar sintomas de pacientes não se justifica. "Com a genômica, torna-se possível tratar as causas da doença e não só aliviar os sintomas", aponta.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.