Cimi critica o governo por número recorde de mortes de índios

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Por RAYMOND COLITT
Atualização:

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), ligado à Igreja Católica, criticou na quinta-feira o governo de Luiz Inácio Lula da Silva pelo número recorde de mortes de índios registrado no ano passado. De acordo com relatório da entidade, 92 índios foram assassinados em 2007, maior número desde que esses crimes passaram a ser monitorados, há 20 anos. "O aumento da violência é reflexo da política indigenista negligente e genocida do governo Lula", disse Roberto Antonio Liebgott, vice-presidente do Conselho. Em janeiro, o Cimi havia estimado que 76 indígenas haviam sido mortos em 2007. A entidade considera que o governo Lula pouco avançou na demarcação de terras indígenas, o que exacerba conflitos fundiários. Muitos homicídios ocorreram em reservas superlotadas no Mato Grosso do Sul. É cada vez mais comum o homicídio entre índios devido à disputa por espaço, e a maioria dos crimes envolve mutilações, facadas ou estrangulamentos, diz o Cimi. A presença cada vez maior de drogas nas reservas e o nível crescente de desespero dos índios também contribuem com as mortes, segundo o Cimi. A população indígena brasileira atual é de 750 mil habitantes, muito inferior aos milhões de indivíduos que habitavam o território em 1500 e que foram gradualmente dizimados ao longo de séculos. Muitos latifundiários vêem nos índios um obstáculo ao progresso e culpam o governo Lula por estimular conflitos fundiários ao prometer terras para as tribos. Mas o CIMI disse que o governo está cedendo à pressão de grandes empresas e políticos, e que a Funai carece de recursos para atuar. O governo diz ter criado novas reservas indígenas e ajudado a reduzir a desnutrição entre os índios. O Executivo também atribui ao Judiciário parte da culpa pela demora nas demarcações de terras indígenas.

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