
04 de novembro de 2013 | 17h52
A pesquisa é inédita, segundo o Instituto Data Popular (focado nas classes baixas), que aplicou os questionários. O objetivo é tirar da invisibilidade uma camada da população que tem muitas demandas e grande potencial de consumo. As perguntas foram elaboradas com a ajuda de moradores e foram direcionadas a hábitos de consumo, nível cultural e impressões sobre os serviços públicos. Dados do IBGE embasaram o estudo.
Os dados mostram que 59% dos habitantes de favelas não têm conta corrente e 65% não possuem cartão de crédito. Práticas informais, como o pagamento fiado, persistem, disse metade dos entrevistados. A divulgação foi feita nesta segunda-feira, 4,, no lançamento do Data Favela, instituto de pesquisa criado pelo Data Popular, de Renato Meirelles, e a Central Única das Favelas, ONG fundada por Celso Athayde. O Data Popular tem o intuito de identificar oportunidades de negócio nas comunidades.
As entidades estão promovendo o Fórum Nova Favela Brasileira, durante o qual os resultados são apresentados e comentados - o primeiro dia foi ontem, no Hotel Copacabana Palace, e o segundo é hoje, na sede da Cufa, no subúrbio de Madureira. "Quisemos lançar no hotel mais luxuoso do Rio para trazer a favela para cá", disse Meirelles. "A ideia é ter a favela como protagonista, porta-voz de sua história. É a primeira vez que se ouve a opinião dos moradores em larga escala. Este é um mundo invisível do ponto de vista da opinião e do consumo."
Dos jovens, 65% já foram revistados pela polícia, o que dá a medida do preconceito contra quem mora nas comunidades. A média de revistas relatada foi de 5,8 vezes. Em relação ao nível educacional e cultural, a pesquisa mostrou que mais de um terço das casas não tem um livro sequer, e que a média de escolaridade dos moradores é de apenas seis anos. Apesar das dificuldades, da precariedade que persiste no fornecimento de água, luz e saneamento, dois terços dos pesquisados afirmaram não querer sair da favela.
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