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CNBB: células-tronco podem abrir caminho para aborto

Por Ligia Formenti
Atualização:

O secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), d. Dimas Lara Barbosa, disse hoje que a campanha feita pela Igreja contra o uso de células-tronco embrionárias tem um objetivo maior: evitar precedentes para liberação do aborto. "Isso poderia abrir caminho. Tudo começa nesta primeira transigência", afirmou. A CNBB deverá encaminhar na próxima semana a cada um dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) um apelo para que julguem procedente a ação que pede a proibição do uso dos embriões em pesquisas. A Lei de Biossegurança permite o uso de células-tronco de embriões que estão em clínicas de fertilização, desde que uma série de exigências sejam atendidas. Além de autorização expressa dos pais biológicos, tais embriões têm de estar congelados já há alguns anos, o que os torna inviáveis para a implantação no útero. Para d. Dimas, os embriões devem permanecer congelados. "Ali está uma vida." Cientistas e associações de familiares de pacientes defendem que tais embriões, inviáveis para serem implantados no útero, seriam extremamente úteis para pesquisas de desenvolvimento de drogas capazes de solucionar problemas graves e crônicos, como diabetes, mal de Alzheimer, Parkinson e distrofias. Seria um destino importante, que beneficiaria um grande número de pacientes. A Igreja, porém, desde o início das discussões se mostrou contrária a esse tipo de trabalho. Para justificar sua posição, o presidente da CNBB, d. Geraldo Lyrio Rocha, fez sérias críticas aos defensores da liberação, sobretudo cientistas. "A Igreja não é insensível ao sofrimento de tantas pessoas. Mas somos contrários às falsas expectativas." Rocha questionou a validade e eficácia de tais pesquisas e afirmou que parte dos pesquisadores manipula sentimentos dos pacientes. "Eles dão uma falsa esperança de cura. É uma atitude reprovável, um desserviço", completou. D. Dimas foi além: "Parte deles têm visão segmentada. A Igreja, porém, tem visão total." Para CNBB, mais produtivo seria se as atenções fossem voltadas a pesquisas de células adultas. Além de criticar o uso de células-tronco embrionárias, d. Dimas disse ser contrário ao congelamento de embriões. "Com isso, você cria uma situação imprevisível." Por enquanto, no entanto, d. Dimas afirma que a CNBB não tem uma posição clara sobre como proceder. "Isso ainda será alvo de estudo."

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