Cobertura de rede celular em estádios deverá ficar incompleta

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Por LUCIANA BRUNO E BRAD HAYNES
Atualização:

Operadoras de telecomunicações estão enfrentando dificuldades para fornecer cobertura adequada de telefonia móvel sobre importantes locais de realização da Copa do Mundo há menos de dois meses da realização do torneio. O problema já foi sentido durante a Copa das Confederações em 2013, um ensaio para a Copa do Mundo deste ano, com 73 mil torcedores no Maracanã mal podendo mandar uma mensagem de texto para comemorar a vitória do Brasil contra a Espanha por 3 a 0. "Onde não tivémos muito tempo, provavelmente não vamos conseguir ter cobertura completa para os estádios", disse Eduardo Levy, diretor-executivo do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil). Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa, afirmou recentemente que estava profundamente preocupado de que, na maioria dos casos, as comunicações para os torcedores e para a imprensa, não serão totalmente testadas antes do início da Copa, em 12 de junho, em São Paulo. "Não queremos que o Brasil seja lembrado como tendo realizado a pior Copa do Mundo de todos os tempos porque os jornalistas não poderão divulgar suas histórias para o restante do mundo", disse Valcke. Após os problemas da Copa das Confederações, a indústria de telefonia pediu 120 dias para instalar e calibrar as redes em seis novos estádios entregues este ano. O setor recebeu menos de 70 dias em Curitiba e São Paulo. Equipes de 100 técnicos estão agora trabalhando dia e noite para ajustar a cobertura nestes estádios, mas provavelmente haverá "pontos cegos" nos arredores das arenas, estacionamentos e estruturas temporárias, disse Levy. "Nos aeroportos, nossa intenção foi fazer o mesmo projeto desenhado para os estádios", disse ele. "Mas muitos aeroportos não estarão prontos a tempo. Faremos cobertura externa." Os aeroportos devem receber cerca de 600 mil turistas estrangeiros equipados com celulares inteligentes. Esta concentração de usuários que utilizam intensa transferência de dados coloca peso adicional sobre redes locais de telefonia. No dia da final da Copa das Confederações no ano passado, por exemplo, a média diária de tráfego de dados no Rio de Janeiro subiu para um terço da média brasileira, segundo a operadora Claro. A rede de telefonia no Maracanã naquele dia estava tão requisitada que as baterias dos celulares rapidamente se esgotaram com o esforço de conseguir sinal, o que deixou alguns torcedores sem poder usar seus aparelhos no final da partida. Para tentar evitar uma repetição, um consórcio da indústria está investindo 200 milhões de reais para reforçar a cobertura nos estádios da Copa do Mundo. As operadoras também estão ampliando redes de fibra óptica nas cidades-sede e adicionando antenas em grandes hotéis, centros de treinamento e instalações públicas. A Vivo sozinha está preparando a instalação de 65 novas torres de telefonia celular em importantes locais da Copa. Outras operadoras como a Oi estão ampliando redes WiFi em áreas públicas populares para ajudar a desafogar a rede móvel de dados. A Fifa ainda precisa aprovar o uso de redes complementares WiFi nos estádios, o que poderia aumentar a capacidade de dados em até 50 por cento. Redes de telefonia celular tiveram bom desempenho na Copa do Mundo da África do Sul, em 2010, e nos Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi, este ano. O mercado brasileiro de telefonia celular mais que dobrou em seis anos, para 273 milhões de linhas em país com quase 200 milhões de habitantes, mas os investimentos em rede não acompanharam o movimento. "Os problemas que vamos enfrentar nas cidades-sede da Copa do Mundo são aqueles que já enfrentamos", disse Eduardo Tude, presidente da consultoria de telecomunicações Teleco.

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