26 de julho de 2011 | 00h00
Em março daquele ano, estava recolhido no seminário quando recebi a notícia de que tinha havido uma revolução. Quando soube quem eram os líderes daquele processo, pensei que aquilo não era revolução, mas contrarrevolução.
A elite intelectual e os sindicalistas protestavam, além de estudantes secundaristas. Mas uma parte da juventude curtia o momento de outra maneira, ouvindo Jovem Guarda, frequentando a Rua Augusta. E outra parcela estava envolvida com a direita. Lembro como se fosse hoje do conflito entre alunos da USP e do Mackenzie, na Rua Maria Antônia, em 68. Vi arruaça, correria, gente nos prédios do Mackenzie dando tiros para baixo. Terrível.
A Igreja voltava seus olhos para a pobreza na América Latina, África e Ásia. Acabaram as missas em latim e a instituição se modernizou. Aos 24 anos, decidi sair do seminário. Dos 34 que entraram comigo, só um ficou. Mas não deixei a Igreja por uma paixão. O celibato não era uma questão, não era o maior dos meus motivos.
Saí do seminário onde estudava Filosofia e procurei o curso de Ciências Sociais da Faculdade Anchieta, no Colégio São Luís. Na mesma época, prestei concurso para o Sesc e passei. A instituição chamava minha atenção porque tinha compromisso acentuado com o outro. Houve um encontro dos meus ideais e o lado profissional.
Comecei a trabalhar na unidade da Rua Doutor Vila Nova, na Consolação. Depois, cursei uma especialização em Administração de RH na PUC e depois outra para Diretores de RH, na FGV.
Acredito que o compromisso com o público, com caráter educativo, verdade, ética, tem de ultrapassar o lado público no País. Sou um vigoroso defensor e chato cobrador dessa perspectiva. Por outro lado, não tenho a visão de que tudo antigamente era melhor, aquela coisa saudosista. Tudo está dentro de um processo."
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