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Colheita sem queima atinge 65% dos canaviais paulistas

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Por José Maria Tomazela
Atualização:

A colheita sem o uso do fogo para queimar a palha atingiu 65,2% dos canaviais do Estado de São Paulo em 2012, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Em 2007, apenas 34,2% da área tinham sido colhidas sem a queimada. A área colhida de forma sustentável subiu de 1,8 milhão de hectares para 3,5 milhões nesse período em São Paulo. As plantações de cana-de-açúcar ocupam 5,4 milhões de hectares e cobrem 21% da área total do Estado. Um protocolo assinado entre as usinas e a Secretaria do Meio Ambiente do Estado prevê o fim da queima nas áreas mecanizáveis até o final de 2014. Nas demais áreas, até 2017. De acordo com a secretaria, 95% das usinas de processamento de cana-de-açúcar conseguiram na safra 2011/12 o certificado "Etanol Verde", emitido pela pasta. No total, 173 usinas receberam a certificação, um crescimento de 8,5% em relação ao biênio anterior. O selo de boas práticas é dado às empresas que adotam medidas para reduzir o impacto ambiental da cadeia sucroalcooleira. Mais de 5,4 mil fornecedores de cana para as usinas também aderiram ao protocolo, através de cooperativas ou associações. O problema é que aquelas que não têm nenhum tipo de certificação comprometem a qualidade do sistema e colocam em cheque a iniciativa do governo e do setor privado. Uma usina da região de Penápolis, embora tenha aderido ao protocolo, colheu 80% da cana moída com o uso do fogo. No processamento, a empresa consumiu dois metros cúbicos por tonelada de cana moída, o dobro do volume definido para a região. A usina não dispõe de sistema de controle da emissão de poluentes dos fornos de suas caldeiras e já foi autuada em quase R$ 1 milhão pelos órgãos do meio ambiente por poluição ambiental. A cana-de-açúcar é a principal cultura agrícola do Estado. A produção paulista na safra encerrada na primeira semana de dezembro foi de 308 milhões de toneladas de cana moída, equivalente a 54% da produção brasileira. No Brasil, 256 empresas assinaram protocolos em que se comprometem a reduzir impactos ambientais e estão em processo de verificação para receber o selo de boas práticas de produção. Países como os Estados Unidos, maior mercado do mundo, analisam a possibilidade de inserir o etanol brasileiro na formulação de seus combustíveis, mas aguardam que o país se adapte às novas exigências globais de produção sustentável.

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