OLHAR EM 2018
Em 20 de agosto, uma semana após a trágica morte do presidenciável Eduardo Campos e horas antes de Marina ser anunciada a nova candidata do PSB, uma fonte tucana disse à Reuters que o partido apoiaria Marina formalmente caso Aécio ficasse fora da disputa final.
"O Brasil precisa de uma mudança, uma renovação. O país não pode tolerar mais quatro anos (de Dilma)", disse a fonte de alto escalão do PSDB, sob condição de anonimato, ao correspondente-chefe da Reuters no Brasil, Brian Winter.
Aécio tem insistido que acredita em uma arrancada na etapa final da campanha que o levará ao segundo turno, apesar de pesquisas indicando um quadro consolidado com Dilma e Marina.
Embora ataque Marina pelo que chama de incoerências, durante a campanha Aécio tem afirmado que sua contrariedade é com o governo atual. Ele reconhece alguns pontos comuns de seu programa de governo com o do PSB, sobretudo na parte macroeconômica, que diz terem sido baseados no que o PSDB fez e fará.
Ainda do lado do PSDB, o cálculo político de apoiar Marina precisa considerar a próxima eleição presidencial. Marina tem dito que não tentará a reeleição e estar do lado dela aumentaria a chance de os tucanos elegerem um presidente em 2018.
NÚMEROS RECENTES
As primeiras pesquisas divulgadas após Marina ser oficializada candidata mostraram uma queda importante de indecisos e de votos nulos e brancos, com migração para a ex-senadora.
Nos levantamentos mais recentes dos institutos de pesquisa mais relevantes, a candidata do PSB perdeu um pouco de terreno, aparecendo com perto de 30 por cento no primeiro turno. Terceiro colocado, Aécio recuperou um pouco de fôlego para o patamar entre 17 e 19 por cento dos votos no primeiro turno.
Na simulação de segundo turno, Marina tem cerca de 40 por cento das intenções de voto, em empate técnico com Dilma.
Com base nos números acima, alguma transferência de votos do PSDB para a ex-senadora já está ocorrendo quando se coloca na mesa um cenário de segundo turno entre Dilma e Marina.
É cedo para quantificar como será a dinâmica da transferência de votos quando a disputa pelo segundo turno começar de verdade, caso o PSDB venha de fato a apoiar formalmente Marina. Só depois dessa definição será possível saber o quanto a candidata ganhará e perderá.
* Esta coluna foi publicada no terminal financeiro Eikon, da Thomson Reuters, na quarta-feira, 24 de setembro.