Com transmissão ao vivo, júri do caso Mércia começa hoje

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Por AE
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O advogado e ex-policial militar Mizael Bispo de Souza, de 43 anos, começa a ser julgado hoje em Guarulhos, Grande São Paulo, pela morte da sua ex-namorada, Mércia Mikie Nakashima. Será a primeira vez no País que um júri será transmitido ao vivo por emissoras de rádio, TV e internet.Ao longo dos próximos dias, acusação e defesa tentarão convencer os sete jurados de que o réu é culpado ou inocente. Enquanto a promotoria o considera "frio" e "psicopata", a defesa o classifica como "um príncipe", de "hábitos muito nobres".Mércia e Mizael foram sócios em um escritório de advocacia e namoraram por quatro anos até setembro de 2009. A advogada foi vista pela última vez na tarde de 23 de maio de 2010 na casa da avó. Em 10 de junho, o carro dela foi achado na Represa Atibainha, em Nazaré Paulista. No dia seguinte, o corpo foi localizado.O promotor Rodrigo Merli Antunes diz que o conjunto de provas lhe dá convicção de que Mizael cometeu o crime. Para o advogado Samir Haddad Júnior, as provas são frágeis e Mizael é "incapaz de matar alguém".Um celular que, no início das investigações, o réu negou possuir é um dos principais trunfos da acusação. O ex-policial usou esse número para falar 19 vezes com o vigia Evandro Bezerra da Silva, de 42 anos, apontado como cúmplice, no dia do crime.A análise da localização das chamadas mostra que, naquele dia, Mizael esteve perto da casa da ex-namorada, no bairro Macedo; da residência da avó dela, no Bela Vista; do Hospital Geral de Guarulhos, onde teria encontrado Mércia; e de Nazaré Paulista.A perícia do sapato que o ex-policial alega ter usado naquela noite encontrou vestígios de pólvora, sangue, massa óssea e alga. Os peritos concluíram que a alga também pode ser encontrada a uma profundidade de 20 centímetros da represa Atibainha. A profundidade seria alcançada por alguém que teve que entrar na água para empurrar um carro, segundo a promotoria.Por fim, o relatório do GPS do veículo de Mizael mostrou que ele ficou estacionado no Hospital Geral de Guarulhos entre 18h37 e 22h12. A defesa alega que o aparelho era defeituoso e que Mizael estava em casa, no bairro Bonsucesso, às 21h21, quando recebeu um telefonema de sua filha. O promotor diz que esse telefonema foi atendido quando o réu voltava de Nazaré.Na opinião de Antunes, Mércia e Mizael se encontraram no hospital às 19h e seguiram, no carro dela, para a represa. Ao chegar ao local, às 20h, Mizael atirou em Mércia, acertando seu maxilar. Depois, saiu do veículo e o empurrou para a água. Entre 20h e 20h30, Evandro o buscou e o levou de volta para o hospital.Já Haddad Júnior tentará provar que a polícia não explorou todas as possibilidades na investigação. A defesa sustenta que o ex-policial ficou parado no hospital, pois teve um encontro com uma prostituta.Preso desde 24 de fevereiro do ano passado, Mizael escreveu um livro com sua versão para o caso que pretende entregar aos jurados. Nele, reafirma sua inocência e se considera alvo de uma perseguição policial. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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