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Dicas e histórias de vida da Flórida

Comandante Rolim renasce nas obras do filho caçula, Marcos Amaro, que inaugura ateliê em Miami

Há quatro anos, caçula do falecido comandante resolveu investir e desenvolver seu lado de artista

Por Chris Delboni
Atualização:

Marcos Amaro sempre gostou de desenhar. Com 3 anos já fazia seus primeiros desenhos. Mas por muito tempo nunca se dedicou à arte. Desde cedo seguiu carreira como empresário e empreendedor. Teve grande sucesso com a Óticas Carol, que representou por cinco anos no Brasil. Até que, quatro anos atrás, resolveu investir e desenvolver seu lado de artista. Com 27 vendeu seu primeiro trabalho no Instagram por R$700 e, semana passada, aos 31, abriu seu primeiro ateliê fora do Brasil.

"Hoje o trabalho da mesma dimensão eu vendo por R$3,500", diz ele, se referindo a sua primeira venda.

Marcos é o caçula do falecido comandante Rolim Adolfo Amaro, o homem que transformou a aviação no Brasil no comando da TAM Linhas Aéreas, que começou em 1961 como Taxi Aéreo Marilia, onde ele trabalhou como piloto antes de assumir a liderança da empresa.

Marcos Amaro é filho de Rolim Adolfo Amaro Foto: Marcelo Auge

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Rolim faleceu em 2001 num acidente de helicóptero. Marcos tinha 17 anos, mas, apesar de jovem, guarda fortes lembranças da presença paterna em sua vida e hoje transforma essas lembranças em arte.

"Sou muito grato porque consegui ter meu pai em mim, uma coisa que quero passar para meu filho e minha filha. Esse é o maior presente que a gente pode receber dos nossos pais - passar tempo com eles", diz Marcos. "Então não sinto falta, não tenho falta. Tenho excesso em mim. E é desse excesso que vem minha energia, meu trabalho, minha dedicação. Quando a gente lida com a morte muito jovem, isso impulsiona a vida".

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Marcos diz que deu início a sua carreira artística oficialmente há apenas um ano.

"Fazer arte é uma coisa, viver de arte é outra e ter uma carreira é outra", diz. "Fazer arte eu faço desde sempre.  Sempre desenhei, sempre gostei de me apropriar de elementos, sempre foi uma coisa muito presente na minha vida".

Marcos Amaro começou a desenhar com 3 anos Foto: Acervo pessoal

Mas sua meta agora é conseguir solidificar sua carreira como artista e, para isso, está expondo em grandes feiras de arte no Brasil e nos Estados Unidos.

De 7 a 10 de abril, exibirá seu trabalho na SP-Arte, em São Paulo.

"É uma feira muito legal que vou participar, com algumas obras e esculturas no espaço da minha galerista, que é a Andrea Rehder Arte Contemporânea", diz Marcos, que acaba de inaugurar seu ateliê em Miami, uma parceria com outro artista brasileiro, Hamilton Aguiar, que tem sua galeria ao lado.

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"Minha intenção é me consolidar enquanto artista em São Paulo e me estabelecer em Miami, e futuramente Nova York", diz Marcos, que acaba de comprar no Arizona um bimotor similar ao que o pai tinha, um "Beechcraft E55 Baron", para transformar as peças de fuselagem em uma ou mais esculturas, à venda por cerca de R$15 a 20 mil.

O avião deve chegar em poucos dias no seu ateliê na Flórida, ou em Nova York, onde vai expor em maio na edição inaugural da CONTEXT New York, uma feira de arte que começou em Miami e está crescendo cada vez mais, do mesmo organizador da Art Wynwood, no distrito das artes em Miami. 

Marcos Amaro trabalha na escultura "Nóis Capota Mas Não Breca", de um avião Bandeirante, para a exposição organizada pela Academia Latino-Americana de Arte, no Iate Clube de Santos, no bairro do Higienópolis, que ocorreu em março. Valor: R$40.000,00 Foto: Marcelo Auge

"Acho que trago tudo que meu pai e minha família representaram para mim, no sentido da minha infância", diz ele.  "O lado do material aeronáutico traz a memória dele [do pai] e o lado dos tecidos, tem o lado materno, da minha mãe [Sandra Senamo], que é estilista, trabalha com roupa; então tem esse lado de eu trabalhar com memória e acúmulos desses materiais, desses objetos, mas na minha linguagem".

E é na sua linguagem, diz, que recria o passado - mas com o intuito de viver intensamente o presente. 

"Procuro fazer com que o presente tenha mais intensidade, mais sentido do que o passado", diz. "Tenho um senso de urgência por saber da fragilidade da vida. Não é angústia. Já tive angústia no passado, mas hoje não tenho mais, só a noção mesmo de que tenho que viver o momento". 

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E dentro do momento, Marcos tenta trazer ao seu cotidiano conceitos que aprendeu com o pai. Ele coloca em prática diariamente vários dos "Sete Mandamentos da TAM", entre eles "A humildade é fundamental".

"Era a primeira regra da TAM", diz, assim como a gentileza.

"A cultura da TAM sempre foi gentileza - a cultura da empresa -; isso é uma coisa muito importante na minha vida, que trouxe comigo e luto muito para manter isso vivo em mim, nutrir isso", diz. "Eu entendi desde cedo que poderia manter isso comigo, independente de uma empresa".

Assim, com muita humildade e gentileza, nasce um artista.

Twitter @chrisdelboni

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Para maiores informações sobre:

- Marcos Amaro

- Andrea Rehder Arte Contemporânea

- Hamilton Aguiar

- SP-Arte

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- CONTEXT New York ou CONTEXT Art Miami