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Combinação de drogas traz esperança contra esclerose múltipla

A despeito do resultado, especialistas dizem que é preciso mais tempo para avaliar corretamente o tratamento

Por Agencia Estado
Atualização:

Quatro anos atrás, a paciente de esclerose múltipla Karen Ayres , de 28 anos, estava confinada a uma cadeira de rodas e paralisada. "Estava presa num corpo que não fazia nada", diz ela. Agora, após um tratamento com uma droga experimental, ela recuperou mobilidade e estuda para um doutorado. Ayres foi uma de 27 pacientes com esclerose múltipla agressiva que foram tratados com a droga mitoxantrona, usada contra o câncer, e copaxona, usada contra recaídas de esclerose múltipla (EM). Como Ayres, muitos dos outros pacientes no estudo experimentaram resultados tão notáveis que alguns especialistas em EM, embora peçam cautela, decidiram analisar o experimento em detalhes. Um estudo controlado de três anos está sendo lançado em 10 centros do Reino Unido para aprofundar a investigação do potencial da combinação de drogas. Os resultados do estudo preliminar, conduzido pelo médico Mike Boggild, serão publicados na edição de agosto do periódico Journal of Neurology. Mitoxantrona é uma droga tão forte que tem potencial tóxico e só pode ser usada de modo seguro no curto prazo. Por isso, Boggild combinou-a com a copaxona, uma droga de ação lenta. "Decidimos sobrepor os tratamentos para dar à copaxona tempo para acumular efeito", diz o médico. Quantoa o resultado do estudo preliminar, o médico acredita que "encontramos uma sinergia inesperada entre as duas drogas, que oferece mais que a soma das partes", afirma ele. Um dos pacientes desenvolveu leucemia aguda, um efeito colateral conhecido da mitoxantrona, mas Boggild afirma que a maioria dos pacientes não sofreu problemas. A despeito do resultado impressionante, especialistas dizem que é preciso mais tempo para avaliar corretamente as conseqüências do tratamento. "Foi um estudo pequeno, sem grupo de controle", diz o médico Robyn Wolintz, co-diretor do Centro de EM do Maimonedes Medical Center, de Nova York. "Ele também deu doses diferentes a pessoas diferentes, o que é fora do padrão", afirma o especialista, explicando que as diferentes dosagens tornam difícil tentar reproduzir os resultados e confirmar a eficiência das drogas.

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