Conferência de astronomia coloca Plutão sob ataque

Cientistas vão discutir, em reunião que começa nesta segunda-feira em Praga e vai durar 12 dias, como os planetas devem ser caracterizados

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Por Agencia Estado
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O sistema solar está sofrendo uma crise de identidade. Por décadas acreditou-se na existência de nove planetas, mesmo que alguns cientistas suspeitassem de Plutão, o mais distante do Sol. Mas a recente descoberta de um objeto maior e mais distante que Plutão ameaça criar um caos. Essa pedra, conhecida como "2003 UB313", deve se tornar o décimo planeta? Ou Plutão deve ser expulso da lista? Afinal, o que é exatamente um planeta? Culturas passadas constantemente revisavam suas respostas sobre a definição do que é um planeta e os cientistas contemporâneos assumem que ainda não há uma definição universal. Tudo isso pode mudar com a descoberta desse novo objeto do espaço. Na Conferência União Astronômica, que começa nesta segunda-feira, 14, em Praga, capital da República Checa, e vai durar 12 dias, cientistas vão discutir sobre os planetas e mais espeficamente sobre Plutão e o novo objeto. "É hora de chegarmos a uma definição", disse Alan Stern, que dirige a base espacial de Colorado, nos Estados Unidos. "É vergonhoso perante o público que nós, astrônomos, não tenhamos uma". O debate se intenficiou em julho do ano passado quando o astrônomo Michael Brown, do Instituto de Tecnologia da Califórnia anunciou a descoberta de um objeto celestial maior do que Plutão. Como Plutão, o objeto faz parte do Kuiper Belt, uma misteriosa zona que fica além de Netuno e contém milhares de cometas. Brown chamou "seu achado" de Xena, mas o nome formal é "2003 UB313". A pedra, captada pelo telescópio Hubble, tem aproximadamente 2.400 quilômetros de diâmetro e está a cerca de 113 quilômetros de distância de Plutão. É o objeto mais distante do sol - a distância é de 14,5 bilhões de quilômetros. Muitos cientistas acham que o objeto "2003 UB313" deveria integrar os planetas do sistema solar, já que é maior que Plutão, que foi anunciado um planeta em 1930. Ainda hoje cientistas mais tradicionais recusam-se a aceitar que Plutão é um planeta e, portanto, a pedra descoberta por Michael Brown também. "A vida seria mais simples se voltássemos a considerar que existem oito planetas", acredita Brian Marsden, diretor da união de astrônomos Minor Planet Center de Cambridge, em Massachusetts. Michel Brown admite, por sua vez, que tem uma posição agnóstica em relação ao assunto. Revelou que se sentiria um pouco culpado se Xena virasse um outro planeta por causa da polêmica que envolve até os dias atuais Plutão. A reunião em Praga vai definir como os planetas devem ser caracterizados. Serão agrupados por localização, tamanho ou algum outro critério? Se planetas forem definidos por seu tamanho, eles devem ser maiores que Plutão? Uma resolução como essa pode chegar à conclusão de que no sistema solar temos até 53 planetas.

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