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Corpo de Millôr Fernandes é cremado no Rio

Por Antonio Pita
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O jornalista, escritor e cartunista Millôr Fernandes, morto na última terça-feira aos 88 anos, foi cremado às 15 horas desta quinta-feira no Crematório da Santa Casa, no cemitério São Francisco Xavier, no Caju, na Zona Portuária do Rio de Janeiro. A cerimônia foi restrita a amigos e familiares, que não informaram o destino das cinzas. Antes, vários artistas foram ao velório para se despedir de Millôr. Debilitado desde fevereiro de 2011, quando sofreu um acidente vascular cerebral, o escritor morreu em decorrência da falência múltipla dos órgãos."Se juntar os grandes frasistas europeus e bater em um liquidificador não dá meio copo de um Millôr", reverenciou o escritor e jornalista Ruy Castro. "Não havia um dia em que uma frase sua não iluminasse o que estivesse acontecendo de obscuro no Brasil e no mundo"."A geração que fez `O Pasquim'' não era humorista, era de pensadores com bom humor. Não vejo ninguém com estofo perto dele. Ele vai fazer falta à minha geração", afirmou Marcelo Madureira, um dos criadores do programa "Casseta & Planeta Urgente", da TV Globo. Seu colega Hubert ressaltou que Millôr "foi o sujeito que mais e melhor exerceu a liberdade de expressão". "Ele ensinou que o humor pode ser uma forma de ataque, mas nunca deve ser usado para humilhar ninguém", afirmou Ivan Fernandes, filho de Millôr, que deixou também uma filha, Paula, e um neto, Gabriel, além da mulher, Wanda.O jornalista Hélio Fernandes, de 90 anos, irmão de Millôr, reforçou os elogios. "Ele vai reascender, assim como o Chico Anysio, a polêmica sobre as palavras gênio e insubstituível. Fui seu primeiro amigo e fã", contou. "É como perder Pelé, Garrincha e (o baterista) Wilson das Neves de uma só vez", comparou o cineasta Walter Salles. A jornalista Cora Rónai, que teve um relacionamento de 30 anos com o escritor, revelou o lado conquistador de Millôr. "Ele era um sedutor nato. Quando o conheci, havia um consórcio de mulheres atrás dele. Era impossível conhecê-lo e não se apaixonar", disse.A atriz Marília Pêra lembrou o lado humano do cartunista e a ajuda que recebeu durante a ditadura militar. "Ele me apoiou publicamente quando isso era politicamente incorreto. Ele não tinha time de futebol, religião ou partido político, era um homem livre", afirmou. Os cartunistas Ziraldo e Chico Caruso, os atores Antonio Pitanga e Fernanda Torres e o cineasta Luiz Carlos Barreto também prestaram homenagens a Millôr.

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