Cortadores de cana paralisam trabalho no interior de SP

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Por CHICO SIQUEIRA
Atualização:

Setecentos cortadores de cana trazidos de Minas Gerais, Pernambuco, Bahia e Maranhão para trabalhar na safra da cana-de-açúcar em São Paulo, paralisaram as atividades hoje na usina Benalco, de Bento de Abreu, na região de Araçatuba, interior paulista. A greve serviu para protestar contra as condições de trabalho e atraso no pagamento de salários e no recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). De acordo com o diretor do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento de Abreu, Paulo de Oliveira Cruz, os salários deveriam ter sido pagos na semana passada. Segundo ele, a empresa não recolhe FGTS há um ano e sete meses. "A usina já foi autuada pela irregularidade. Na reunião de quarta-feira, o Ministério do Trabalho deu prazo até o final da safra para recolhimento do FGTS de todos trabalhadores. Se não fizer, vai levar multa de R$ 1 mil por cada trabalhador", contou Oliveira. Além dos atrasos de salários e FGTS, os trabalhadores também reclamam de opressão que estaria sendo feita por fiscais em campo, da falta de cumprimento do preço do contrato, e de alimentos com prazo de validade vencido da cesta básica. "Estou sendo chamado de caloteiro porque estou sem dinheiro para pagar o alojamento", disse Gustavo de Almeida, que saiu de São Luís, no Maranhão, para sua primeira safra em São Paulo. "As cestas estão com alimentos estragados e no campo os fiscais nos oprimem", acrescentou Delcio Lopes, 24, que deixou o município de Pai Pedro, em Minas Gerais, para trabalhar em Bento de Abreu. "Se eles não pagarem nossos salários, ficaremos em situação complicada", conclui Roberto Souza, 25, morador da cidade mineira de Mato Verde. Outro Lado No final da tarde, o gerente de recursos humanos da Benalco, Gil Brito, informou que a empresa já tinha depositado os salários dos trabalhadores que prometeram voltar ao trabalho amanhã. Segundo ele, o atraso do FGTS também já foi acertado e se tratava de um grupo de 15 trabalhadores. Segundo ele, não há irregularidades trabalhistas nas lavouras. O atraso ocorreu porque a usina está, de acordo com Brito, tendo prejuízo devido ao preço do litro do álcool no mercado. "Nosso custo de produção é de R$ 0,70 o litro, mas vendemos o álcool a R$ 0,60", disse. De acordo com Brito, a usina recorreu a empréstimos e espera que o preço suba nos próximos meses, equilibrando receita e despesa. A usina que pertence ao grupo J. Pessoa, processa cerca de 1,5 milhão de toneladas de cana por safra.

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