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Corte da Tailândia ordena saída de primeira-ministra do poder

Por AMY SAWITTA LEFEVRE
Atualização:

Uma corte da Tailândia ordenou, nesta quarta-feira, que a primeira-ministra Yingluck Shinawatra deixe seu cargo, após considerá-la culpada de abuso de poder, prolongando uma crise política que tem gerado protestos violentos e levado a economia do país à beira da recessão. A decisão vai irritar os apoiadores de Yingluck, mas a corte permitiu que ministros não implicados no caso contra ela continuem nos seus cargos, uma decisão que poderia amenizar as manifestações nas ruas. Após a decisão, o gabinete disse que o ministro do Comércio, Niwatthamrong Boonsongphaisan, que também é vice-primeiro-ministro, substituiria Yingluck, e que o governo provisório prepararia os planos para realizar eleições em 20 de julho. "A responsabilidade do governo provisório agora é organizar uma eleição assim que possível", disse Niwatthamrong, ex-executivo de uma companhia pertencente a Thaksin Shinawatra, irmão de Yingluck, e também ex-primeiro-ministro deposto pelos militares em 2006. "Espero que a situação política não se inflame após isso", disse Niwatthamrong depois da decisão da corte. A crise política na Tailândia coloca a classe média de Bangcoc e os governantes ligados à realeza em oposição aos partidários de Yingluck e Thaksin, na maioria pobres e do meio rural. Thaksin vive no exílio para evitar uma sentença de prisão de 2008 também por abuso de poder. Yingluck, que enfrentou seis meses de violentos protestos na capital que buscavam derrubar seu governo e encerrar a considerável influência política de seu irmão, agradeceu ao povo tailandês em um pronunciamento na televisão. "Em meu tempo como primeira-ministra eu dei todo meu trabalho para o benefício da minha população… eu nunca cometi nenhum ato ilegal, tal como fui acusada de cometer", disse Yingluck. Apesar de sua remoção do poder, não há um final óbvio em vista para o tumulto na Tailândia, e manifestantes contrários a Yingluck e seu governo ainda pressionam por reformas políticas antes das novas eleições. O juiz que emitiu a sentença na Corte Constitucional disse que Yingluck abusou de sua posição ao transferir um chefe de segurança para outro cargo em 2011, com a finalidade de que um parente pudesse se beneficiar com a mudança de cargo. Partidários de Yingluck acusam a Corte Constitucional de tomar uma decisão tendenciosa contra governos leais a Thaksin. Em 2008, a corte forçou a saída de dois primeiros-ministros ligados a Thaksin.

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