Crise é econômica, política e ética, diz ex-BC

Carlos Langoni reconhece que o País sofre impacto de um cenário mundial adverso, mas pondera que o recuo tão intenso no PIB não pode ser explicado apenas pelo ambiente externo

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Por Daniela Amorim (Broadcast), Idiana Tomazelli e
Atualização:
Economista defendeu que o ajuste também passa por uma reforma política, previdenciária e trabalhista Foto: Marcos de Paula|Estadão

RIO - A crise que o País atravessa tem origem econômica, política e ética, definiu Carlos Langoni, ex-presidente do Banco Central, durante o seminário "Reavaliação do Risco Brasil", promovido pelo Centro de Economia Mundial da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

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"Eu acho que o que torna essa crise mais desafiante é que ela tem pelo menos três dimensões. Ela é econômica, sim, e também é política e ética. E essas três dimensões se retroalimentam e geram uma onda de incertezas", declarou Langoni, diretor do Centro de Economia Mundial da FGV.

O ex-presidente do BC reconhece que o País sofre impacto de um cenário mundial adverso, como a desaceleração da China. Ele pondera, o recuo tão intenso no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro não pode ser explicado apenas pelo ambiente externo.

"A desaceleração chinesa tem impacto direto sobre o Brasil. A China é nosso maior parceiro comercial e de investimentos, mas nada explica impacto tão direto e profundo. É uma crise que tem raiz interna, talvez por isso seja complexa", afirmou.

Langoni defendeu que o ajuste também passa por uma reforma política, previdenciária e trabalhista. "As economias saem de crise. Agora tem que construir essa ponte pós ajuste", disse ele.

Apoio a Levy. Principal defensor do ajuste em curso, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, recebeu o apoio da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) durante o evento, em meio às especulações de que estaria próximo de deixar o cargo.

"Aqui no Rio, o ministro tem o apoio do empresariado", afirmou Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, presidente da Firjan.

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Segundo o presidente da Firjan, a conta a pagar pelo ajuste será pesada, mas o ministro tem o apoio da federação no Rio. Embora haja pontos de discordâncias em relação às políticas adotadas, Eduardo Eugenio disse que o ministro "tem estado empenhado num cenário adverso".

"O que a indústria deseja é governabilidade", disse Eduardo Eugenio, citando que é necessário recuperar a confiança para que haja retomada do investimento.

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