Crise política se agrava e gera incerteza econômica na Tailândia

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Por MARTIN PERRY
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A Tailândia se encaminha para um confronto político na próxima semana, quando manifestantes de oposição prometem paralisar Bangcoc, agravando uma crise que divide a nação e deve afetar o crescimento econômico em 2014. A primeira-ministra Yingluck Shinawatra enfrenta crescentes protestos populares na capital a poucas semanas de uma eleição, em 2 de fevereiro, na qual ela deve ser reeleita, graças ao apoio que desfruta entre tailandeses pobres, especialmente no norte e nordeste do país. A dúvida, porém, é se haverá condições para a realização do pleito. No domingo, milhares de manifestantes participaram de uma passeata em Bangcoc, num prelúdio aos protestos que começam em 13 de janeiro, quando a oposição planeja impedir o acesso a órgãos públicos e ocupar cruzamentos viários importantes durante dias, na esperança de assim pressionar Yingluck a cancelar a eleição extraordinária. Os manifestantes acusam Yingluck de ser um fantoche de seu irmão, o bilionário ex-premiê populista Thaksin Shinawatra, que vive voluntariamente exilado desde que foi derrubado por um golpe de Estado, em 2006. A oposição exige que a primeira-ministra renuncie e ceda lugar a um "conselho popular" não eletivo, que durante um ano implantaria uma vaga plataforma de reformas antes de convocar uma eleição. Também na segunda-feira, o ministro do Comércio, Niwattumrong Boonsongpaisan, disse que o crescimento do PIB de 2014 deve ficar em apenas 3 a 3,5 por cento – uma estimativa anterior era de 4 a 5 por cento– casos os protestos continuem, especialmente porque eles podem adiar gastos públicos de 65 bilhões de dólares em infraestrutura. A incerteza econômica tende a abalar os mercados. O baht voltou a registrar na segunda-feira sua menor cotação em quatro anos frente ao dólar, e o índice de referência da Bolsa local caiu ao seu menor nível desde agosto de 2012 durante o começo do pregão, mas acabou fechando com alta de 0,5 por cento, por causa de algumas aquisições vultosas no final da sessão. Desde o começo de novembro, quando a crise começou, o índice já encolheu mais de 15 por cento. Yingluck se recusa a cancelar a eleição, dizendo que isso seria inconstitucional, e na segunda-feira ela fez um apelo aos manifestantes para que pensem na economia. "Peço aos manifestantes que não fechem os órgãos públicos em 13 de janeiro", disse ela a jornalistas. "Muitos países já indicaram que estão preocupados de que, se os protestos não terminarem, a Tailândia será afetada de muitas maneiras, particularmente em termos de economia." (Reportagem adicional de Pracha Hariraksapitak)

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