O governador de Caquetá, Luis Francisco Cuéllar, foi perseguido pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) por 22 anos. Antes de ser capturado na segunda-feira em sua casa, Cuéllar, que antes de entrar para a política era fazendeiro, já havia sido sequestrado outras quatro vezes por diversas frentes das Farc - sendo obrigado a pagar resgate para conseguir a liberdade. A primeira vez foi em 1987 quando estava em sua fazenda, no município de Morelia, do qual, mais tarde, ele se tornaria prefeito. A segunda, em 1995, quando ele e a mulher foram interceptados na estrada, a caminho de uma de suas fazendas. Segundo o jornal El Tiempo, de Bogotá, nessa ocasião, Cuéllar havia acabado de fazer uma operação no joelho, mas, mesmo assim, os guerrilheiros o fizeram caminhar por dias e dias na selva nos mais de dois meses que ele ficou em cativeiro - o que lhe deixou como sequela certa dificuldade para caminhar. O terceiro sequestro ocorreu em junho de 1997, quando Cuéllar já era prefeito, e o quarto em março de 1999, no município de Belén de los Andaquíes. "Ninguém pode imaginar o que é o sequestro até passar por isso. É algo que não desejo nem para meu pior inimigo", disse certa vez, em uma entrevista. Depois disso, Cuéllar elegeu-se deputado e, em seguida, governador. Recentemente, ele foi acusado de associação com paramilitares de ultradireita que nos anos 80 e 90 eram os maiores inimigos das Farc na Colômbia. Segundo o filho de Cuéllar, apenas duas horas antes de ser capturado, o governador disse que tinha informações de que a guerrilha estava "preparando algo para estes dias". "É preciso se cuidar", teria dito Cuéllar. Seu corpo foi velado ontem na sede da Assembleia Departamental, em Florencia.