D. Cappio faz oito exigências para encerrar greve de fome

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Por Leonencio Nossa
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O bispo de Barra, na Bahia, d. Luiz Flávio Cappio, enviou hoje ao Palácio do Planalto uma "contra-proposta" para interromper a greve de fome que completou hoje 22 dias. A primeira de oito exigências listadas é a suspensão das obras de transposição do Rio São Francisco, com a retirada das tropas do Exército. Para hoje à noite, está previsto que Gilberto Carvalho, assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, discuta a questão na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Porém, a ordem de Lula é não colocar o fim do projeto na mesa de negociação. Cerca de 300 ribeirinhos e lideranças de movimentos sociais fizeram uma passeata na Praça dos Três Poderes - da rampa do Planalto à rampa do Supremo Tribunal Federal (STF) - para divulgar a "contra-proposta". "O problema é que temos dois Luiz cabeçudos, um Cappio, outro Inácio", disse Marina Santos, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Marina Santos afirmou que não está criticando a postura do bispo, apenas ressaltando a "intransigência" do governo e o desprendimento de d. Cappio. Os sem-terra já se manifestaram contra o projeto de transposição do São Francisco. Marina Santos afirmou que o bispo dialogou com movimentos sociais antes de tomar a decisão. No entanto, a líder sem-terra não esconde a preocupação com o desfecho do caso. "Esse governo tem um projeto claríssimo de privilegiar o agro e o hidronegócio e ponto", disse. "O governo tinha de ser mais inteligente e menos intransigente." D. Cappio também exige a implementação de obras do Atlas do Nordeste, feito pela Agência Nacional de Águas, apoio da União a projetos de armazenamento de água para consumo humano, implantação de programa de revitalização da bacia do São Francisco, revitalização das bacias do Jaguaribe, Piranhas-açu e Parnaíba, apoio técnico para o Pacto das Águas do São Francisco e um Plano de Desenvolvimento Sustentável para o semi-árido.

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