Daiane diz ter avisado sobre uso de diurético

Atleta alega que tomou produto em tratamento para redução de gordura

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Por Valeria Zukeran e Amanda Romanelli
Atualização:

Daiane dos Santos e seu clube, o Pinheiros, já têm uma linha de defesa para o caso de doping divulgado ontem pela Federação Internacional de Ginástica (FIG): a atleta teria informado o uso do diurético furosemida, proibido pela Agência Mundial Antidoping (Wada), no momento da coleta do material, realizado em julho. A substância foi utilizada em um tratamento para redução de gordura localizada.A ginasta de 26 anos, campeã mundial do solo em 2003, considera-se inapta para o esporte de alto nível até 2010, depois de ter passado por duas cirurgias no joelho direito - uma em outubro de 2008 e, outra, em maio. Ela não participa de qualquer competição desde a Olimpíada de Pequim, em agosto de 2008. Por esse motivo, o Pinheiros e seu advogado pessoal, Cristian Rios, são incisivos ao dizer que Daiane não deveria ter sido submetida a controles de dopagem neste ano. As partes afirmam que a Confederação Brasileira de Ginástica (CBGin) foi informada do afastamento da atleta, uma espécie de licença médica. A entidade teria, então, retirado Daiane da seleção permanente em 23 de outubro de 2008. Por isso, na interpretação da defesa da ginasta, ela está inelegível para a realização de controles de dopagem até que retornasse à equipe nacional. O que Pinheiros e Rios colocam em dúvida é se a CBGin fez esse comunicado à FIG - procurada, a presidente da entidade, Luciene Resende, não retornou as ligações da reportagem.A simples comunicação de uma licença médica, entretanto, não exime um atleta da punição por doping, caso flagrado em um exame fora de competição, como foi o caso de Daiane. Segundo Thomaz Paiva, advogado especializado em antidoping, um atleta pode ser autorizado a utilizar uma substância considerada dopante, desde que faça determinados procedimentos. "É a chamada isenção por uso terapêutico", explica. "Ela deve ser pedida por um médico e encaminhada à confederação da modalidade, que aprova ou não o uso. Caso aprovada, a autorização é enviada à federação internacional." O Pinheiros não informou se realizou esse procedimento.Daiane dispensou a abertura da contraprova - justamente por ter consciência de que a furosemida poderia aparecer no teste, afirma seu advogado. A atleta tem até o dia 13 para apresentar sua defesa à Comissão Disciplinar da FIG. Posteriormente, o caso será levado à Comissão Presidencial, que dará o veredicto final. Se considerada culpada, Daiane será suspensa por dois anos.

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