Demanda menor por crise deve abater supermercados

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Por VANESSA STELZER
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A expansão do faturamento dos supermercados brasileiros deve diminuir significativamente neste ano, à medida em que a desaceleração econômica gerada pela crise global afeta o emprego e a renda do consumidor, previu nesta terça-feira a entidade que representa o setor, citando também a forte base de comparação em 2008. A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) estima aumento de 2,5 por cento da receita do setor em 2009, ante crescimento de 8,98 por cento em 2008, o melhor dos últimos 10 anos, que somou 150 bilhões de reais. Os principais produtos dos supermercados --como alimentos-- são mais dependentes da renda do consumidor e não tanto do crédito, o setor mais afetado pela crise global, e portanto 2008 praticamente não sofreu com a turbulência, começando a mostrar alguns sinais de arrefecimento apenas em dezembro. No mês passado, o faturamento do setor cresceu 27,12 por cento ante novembro e 6,07 por cento contra igual mês de 2007, em termos reais. O dado na comparação anual apresenta uma queda sobre a alta de 10,8 por cento apurada em novembro. A Abras ainda não fechou os dados de janeiro, mas Sussumu Honda, presidente da entidade, afirmou que, em conversas informais com supermercados, já se pode notar uma intensificação desse movimento de desaceleração. "Consumo está ligado muito à questão das expectativas e, desde outubro, está se falando muito em crise... Já houve uma queda do emprego e ele deve diminuir mais em 2009", disse ele. "Em nossas conversas informais, as redes dizem que em janeiro as vendas não estão atingindo seus objetivos e isso é reflexo da crise, com certeza." DESEMPREGO, MAS NÃO NO SETOR A entidade prevê desemprego de 9 por cento este ano, ante 7,9 por cento em 2008. Para a massa salarial, a estimativa é de alta de 1,5 por cento, depois do aumento de 7 por cento em 2008. Para o consumo privado, a projeção é de crescimento de 3,8 por cento em 2009, ante 6,1 por cento no ano passado. No setor, no entanto, Honda descarta demissões. "Temos a previsão de aumento de faturamento no ano, apenas em ritmo menor. Quando há alta do faturamento, não há motivo para demitir." O setor supermercadista emprega diretamente cerca de 900 mil pessoas. Ele também descartou diminuições significativas dos investimentos previstos no setor no ano. "Muitas redes continuam se expandindo e esse tipo de investimento não depende muito da conjuntura atual, que é pontual."

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