Demanda pelo produto cai em vários Estados

PUBLICIDADE

Por Ligia Formenti
Atualização:

Sinalizada por pesquisas de comportamento, a tendência na redução de consumo de camisinhas é comprovada pela movimentação dos estoques públicos do País. "É inegável a queda da demanda. Algo que nos preocupa e que nos faz perguntar se não está no momento de se rever as estratégias de prevenção", afirma o coordenador do Programa de DST-Aids do Rio Grande do Sul, Ricardo Charão. O Estado recebeu, no ano passado, 17,7 milhões de preservativos. Em 2009, foram 26,9 milhões. No Maranhão, a situação foi semelhante. Recebeu em 2010 do governo federal 19,2 milhões de preservativos, 20 milhões a menos do que havia sido encaminhado no ano anterior. "Não fez falta. Tínhamos camisinhas sobrando nos estoques", conta a coordenadora do Programa de Aids do Estado, Osvaldina Mota.O mesmo se repetiu no Paraná. "O que foi enviado atendeu às necessidades", diz Francisco Carlos dos Santos, técnico da divisão de aids do Estado. Todos observam, porém, que a redução da demanda em nenhum momento provocou uma reação do Ministério da Saúde. "Não houve questionamentos. De fato, essa é uma coisa para se perguntar: será que a estratégia não está sendo suficiente?", pergunta Santos. Osvaldina afirma que a oferta dos preservativos nos postos segue recomendações do ministério. É feita sem burocracia e sem exigir nenhum tipo de informação de quem vai em busca do produto. "Precisamos aumentar o programa de saúde nas escolas, acelerar a implantação. Isso certamente pode ajudar a mostrar aos jovens a necessidade do uso de preservativos em todas as relações", avalia. Para Márcia de Ávila Berni Leão, da coordenação de Fórum de Aids de ONGs no Rio Grande do Sul, a explicação para a diminuição do uso está clara: houve uma redução importante de projetos de prevenção desenvolvidos com organizações não governamentais. "Camisinha nos postos de saúde ajudam, mas é preciso muito mais. São necessárias ações que mobilizem, que empolguem, principalmente jovens", diz ela. Algo que, em sua avaliação, foi perdido depois da redução dos projetos com organizações.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.