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Demanda por alimentos orgânicos nos EUA já supera oferta

O rápido crescimento do mercado tem obrigado os fabricantes a importar ingredientes

Por Agencia Estado
Atualização:

Sem amêndoas. Grande problema. Os fabricantes das barras de energia Clif Bar precisavam de 38.555 quilos de amêndoas, e elas tinham que ser orgânicas. Mas a colheita dos Estados Unidos de amêndoas orgânicas já havia sido comprometida. Eventualmente, a Clif Bar encontrou as amêndoas - na Espanha. Mas mais escassez apareceu: damascos e blueberries, cajus e avelãs, xarope de arroz e aveia. O apetite americano por comida orgânica é tão grande que a oferta não consegue suprir a demanda. Orgânica é a comida que cresce sem agrotóxicos, fertilizantes, hormônios, antibióticos ou biotecnologia. Os produtos orgânicos ainda possuem uma pequena fatia, cerca de 2,5%, do mercado alimentício do país. Mas a fatia está se expandindo em ritmo intenso. O crescimento nas vendas de alimentos orgânicos tem sido entre 15% e 21% a cada ano, comparado com 2% a 4% para as vendas totais de alimentos. Os supermercados, de olho no sucesso dos revendedores orgânicos como o Whole Foods, correram para suprir a demanda. As lojas Wal-Mart anunciaram nesse ano que iriam dobrar suas ofertas orgânicas. O número de fazendas orgânicas - estimadas em dez mil - também está aumentando, mas não rápido o suficiente. Como resultado, os manufaturadores orgânicos estão procurando ingredientes fora dos Estados Unidos, em lugares como Europa, Bolívia, Venezuela e África do Sul. Isso não é nenhuma surpresa, disse Barbara Robinson, chefe do Programa Orgânico Nacional do Departamento americano da Agricultura (USDA). O programa fornece o selo "USDA Orgânico" para os produtos certificados. Sua agência está começando a rastrear os dados do mercado orgânico, mas Robinson acredita que os Estados Unidos estão importando muito mais alimentos orgânicos do que exporta. Isso também acontece com a comida convencional. Até mesmo a Stonyfield Farm, pioneira orgânica nos Estados Unidos, está procurando um fornecedor estrangeiro; a Stonyfield está trabalhando em um acordo para importar leite em pó da Nova Zelândia. O dilema de como preencher a lacuna entre a oferta orgânica e sua demanda é parte de um longo debate entre a crescente indústria orgânica americana. Para muitos entusiastas, a comida orgânica é mais do que um alimento em seus pratos; é uma maneira de melhorar o meio ambiente em que vivem e ajudar a manter os pequenos fazendeiros no mercado. A Stonyfield e a Organic Valley estão trabalhando para aumentar o número de fazendas orgânicas, pagando fazendeiros para ajudá-los a substituir ou aumentar a produção. A Stonyfield, junto com a cooperativa de fazendeiros Organic Valley, espera gastar cerca de US$2 milhões em incentivos e ajuda técnica em 2006.

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