PUBLICIDADE

Democratas dos EUA querem nova política para o Irã

Oposição quer mudança, após relatório que diz que Irã não está criando armas atômicas.

Por BBC Brasil
Atualização:

O Partido Democrata, de oposição nos Estados Unidos, quer que o governo reveja sua política em relação ao Irã, depois que um relatório dos serviços de inteligência americanos indicou que o governo iraniano não está fabricando armas nucleares no momento. Segundo as estimativas dos serviços de inteligência, divulgadas na segunda-feira, o Irã provavelmente interrompeu seu programa de armas nucleares em 2003. O líder do Partido Democrata no Senado, Harry Reid, disse esperar que a Casa Branca dê início a novos esforços diplomáticos para tentar retomar relações com o Irã. "Espero que esta administração leia o relatório cuidadosamente e ajuste sua retórica e política em relação ao Irã de maneira apropriada", disse Reid. Os Estados Unidos acusam os iranianos de desenvolver seu programa nuclear com o objetivo de criar armas, mas o governo em Teerã sempre negou isso - argumentando que só busca a tecnologia para fins pacíficos. Reid acrescentou que o governo do presidente George W. Bush deveria seguir o exemplo do ex-presidente Ronald Reagan, que buscou reatar relações com a União Soviética. Segundo o correspondente da BBC em Washington Justin Webb, a atitude dos Democratas é um sinal da importância que o novo relatório poderá vir a ter. Mas Webb acrescenta que os políticos que defendem uma linha dura contra o Irã estão preocupados, em particular com o fato de que a novidade deste relatório possa vir a ofuscar outros fatos citados no documento, como por exemplo, que Teerã deixa aberta a possibilidade de desenvolver armas nucleares no futuro, e teria a capacidade para fazê-lo se seus líderes assim decidirem. Um conselheiro próximo ao presidente Bush disse que o relatório é "positivo", mas que o risco de o Irã desenvolver armas nucleares permanece "sério". Atualmente o Irã sofre sanções do Conselho de Segurança da ONU, que exige o fim do enriquecimento de urânio e, unilateralmente, dos Estados Unidos. O resumo do relatório, divulgado na segunda-feira, indica que é improvável que o Irã tenha urânio enriquecido suficiente para fabricar uma bomba atômica até pelo menos 2010. O documento, que se baseia em dados coletados por 16 agências de inteligência americanas, indica com "muita confiança" que o Irã paralisou seu programa para desenvolver armamentos atômicos em 2003 "em resposta à pressão internacional". O país teria feito "progresso significativo" neste ano na instalação de centrífugas para enriquecer urânio - um processo necessário para produzir o material físsil que é usado em uma bomba atômica. O texto também diz, com "confiança moderada", que o Irã "ainda enfrenta problemas técnicos significativos" na operação do equipamento. Em outro trecho, o relatório indica que o Irã parece "menos determinado" em desenvolver armas nucleares do que muitos nos Estados Unidos pensavam. O texto diz, com "confiança moderada", que o programa para desenvolver bombas atômicas suspenso em 2003 não foi retomado desde então. Nisso, o relatório representa uma reviravolta em relação a outros documentos do tipo, nos quais agências de inteligência americanas alertavam que o Irã estava buscando criar armas nucleares. O conselheiro de Segurança Nacional, Stephen Hadley, disse que as conclusões do relatório confirmam que os Estados Unidos estão certos em ficar preocupados com o Irã e que o presidente George W. Bush adotou "a estratégia correta". O analista para assuntos internacionais da BBC Paul Reynolds disse que o documento apresenta uma análise cautelosa das atividades nucleares iranianas e dá poucos argumentos para aqueles que defendem uma ofensiva militar contra o país asiático. Por outro lado, segundo Reynolds, o relatório deve dar mais força àqueles que querem a adoção de mais sanções contra o Irã, visto que ele dá a entender que esse tipo de pressão funcionou. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.